

IMPACTOS SOCIAIS E JURÍDICOS DAS NANOTECNOLOGIAS
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JOSÉ EDUARDO DE MIRANDA E ANDRÉA CORRÊA LI
MA
4. A NANOMEDICINA E A DIGNIDADE HUMANA:
UMA ANÁLISE SOBRE A SITUAÇÃO DE NÃO
DIGNIDADE DERIVADA DA AUSÊNCIA DE ÉTICA,
E DO DESTERRO DA AUTONOMIA, NO ATO DE
ESCOLHA DO PACIENTE, PELO TRATAMENTO
NANOTECNOLÓGICO
Não há, aqui, nenhum prenúncio intencional
de percorrer-se pelos caminhos e descaminhos que le-
vam a interpretações de teses multifacetárias sobre o
significado da ética, ou sobre seus prelúdios filosóficos
ou teológicos. Ao contrário, parte-se apenas de uma
conotação geral da ética alicerçada sobre sua gêne-
se grega de
ethos
, indicativa da reflexão sobre os va-
lores e os princípios morais que conferem estabilidade,
ou sustentação, até às atitudes e às ações humanas.
Por corolário, não se pode olvidar que toda
ação humana possui uma dimensão normativa, “jus-
tamente porque o famoso conceito de responsabili-
dade moral só se aplica aos seres humanos, uma vez
que são os únicos seres com capacidade de escolher,
de agir de acordo com a liberdade e autonomia da
sua «consciência»” (COSTA, 2008/2009).
Como causa deste adorno situacional, ou
descritivo do que venha a ser, ou representar a ética,
aflora a aflição pela dúvida sobre a essencialidade
do valor a ser ponderado em decorrência do binô-
mio oportunidade-necessidade, robustecendo um
suposto indício de moralidade que fenece diante da
possível afetação da liberdade e da autonomia do
paciente, e mesmo de seus familiares, optarem pelo
emprego da nanomedicina.
Esta aflição delata um preocupar futuro que
eclode da dinamicidade operacional da inserção da
tecnologia na medicina e da casualidade relacional,
do paciente e seus familiares, que em dado momen-
to encontre a nanomedicina como causa de vida,
sem conjecturar razão ou consequência. A necessi-