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IMPACTOS SOCIAIS E JURÍDICOS DAS NANOTECNOLOGIAS

221

JOSÉ EDUARDO DE MIRANDA E ANDRÉA CORRÊA LI

MA

4. A NANOMEDICINA E A DIGNIDADE HUMANA:

UMA ANÁLISE SOBRE A SITUAÇÃO DE NÃO

DIGNIDADE DERIVADA DA AUSÊNCIA DE ÉTICA,

E DO DESTERRO DA AUTONOMIA, NO ATO DE

ESCOLHA DO PACIENTE, PELO TRATAMENTO

NANOTECNOLÓGICO

Não há, aqui, nenhum prenúncio intencional

de percorrer-se pelos caminhos e descaminhos que le-

vam a interpretações de teses multifacetárias sobre o

significado da ética, ou sobre seus prelúdios filosóficos

ou teológicos. Ao contrário, parte-se apenas de uma

conotação geral da ética alicerçada sobre sua gêne-

se grega de

ethos

, indicativa da reflexão sobre os va-

lores e os princípios morais que conferem estabilidade,

ou sustentação, até às atitudes e às ações humanas.

Por corolário, não se pode olvidar que toda

ação humana possui uma dimensão normativa, “jus-

tamente porque o famoso conceito de responsabili-

dade moral só se aplica aos seres humanos, uma vez

que são os únicos seres com capacidade de escolher,

de agir de acordo com a liberdade e autonomia da

sua «consciência»” (COSTA, 2008/2009).

Como causa deste adorno situacional, ou

descritivo do que venha a ser, ou representar a ética,

aflora a aflição pela dúvida sobre a essencialidade

do valor a ser ponderado em decorrência do binô-

mio oportunidade-necessidade, robustecendo um

suposto indício de moralidade que fenece diante da

possível afetação da liberdade e da autonomia do

paciente, e mesmo de seus familiares, optarem pelo

emprego da nanomedicina.

Esta aflição delata um preocupar futuro que

eclode da dinamicidade operacional da inserção da

tecnologia na medicina e da casualidade relacional,

do paciente e seus familiares, que em dado momen-

to encontre a nanomedicina como causa de vida,

sem conjecturar razão ou consequência. A necessi-