Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
para fazer prospectiva a partir dos departamentos de
marketing
na indústria, atualmente, precisamos às vezes proceder sem
mesmo desenvolver protótipos; podemos apenas tentar sondar
o que os usuários poderiam imaginar como novos usos e novos
objetos e, posteriormente, vamos pedir a cineastas que façam
trechos de vídeos para expressar esses desejos de comunicação;
depois voltamos aos usuários projetando esses filmezinhos e,
aos poucos, por meio de interações com os usuários, vamos de-
limitar as possibilidades de novos objetos comunicacionais. E aí
vamos construí-los em laboratório e, depois, voltar aos usuários.
Como visto, há um real apelo direto ao imaginário dos usuários,
que antes não era feito. Isso nos faz relacioná-lo com a quin-
ta maneira, a partir de um trabalho de um economista da MIT,
Eric von Hippel, que escreveu um livro intitulado
Democratizing
Innovation
. Este trabalho está centrado no fato de que os usuá-
rios sempre estão modificando os objetos técnicos com os quais
trabalham. E esta perspectiva consiste em seguir os usuários
nos seus usos cotidianos dos objetos comunicacionais para ten-
tar ver de que maneira eles modificam esses objetos. Daí a ideia
de um processo ascendente, em que há um retorno à indústria
para que ela retome e modifique os objetos comunicacionais. Se
nos situamos mais perto de um ponto de vista das grandes tra-
dições de pesquisa, tanto em ciências sociais quanto em ciên-
cias humanas e em ciências da informação e da comunicação,
diríamos que existem, pelo menos, cinco grandes tradições de
pesquisa que fornecem materiais, categorias de análise, orien-
tações epistemológicas para pensar os usos. Vamos descrevê-las
rapidamente.
3 Dos usos à inovação
A primeira grande tradição é a da difusão das inova-
ções. Uma tradição são os trabalhos realizados por Rogers, a
partir dos anos 1960, autor que faleceu há cerca de cinco anos.
Ele desenvolveu tipologias para mostrar que o processo de difu-
são das inovações é um processo que funciona por etapas. Num
primeiro momento, são os vanguardistas que se apropriam ime-
diatamente dos novos objetos técnicos, que sentem prazer em