Table of Contents Table of Contents
Previous Page  44 / 282 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 44 / 282 Next Page
Page Background

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

Convém estabelecer uma distinção para com outra de-

signação utilizada pela indústria, que é a de objeto comunican-

te – objeto comunicante em oposição ao objeto comunicacional.

Os objetos comunicantes são da ordem do que podemos chamar

de “ambientes inteligentes”. Estamos, então, num ambiente em

que existem objetos que se comunicam entre si, à revelia dos

indivíduos humanos, que se encontram presentes no meio. Um

exemplo disso: existem salas onde não há interruptores para

acender ou apagar a luz; alguém entra numa sala escura e a luz

acende porque existem sensores de movimentos e, a partir do

momento em que o objeto técnico capta o movimento, ele vai en-

viar informação para outro mecanismo, que vai acender a luz da

sala. É um exemplo muito simples, que mostra como funcionam

esses ambientes inteligentes. As coisas, então, tornam-se cada

vez mais sofisticadas, principalmente com as RFID, que são

chips

de

radio-frequency identification

. Hoje existem

chips

minúsculos,

que têm funções de computação. Por exemplo: podemos colocar

esses

chips

em objetos e, quando passamos por portas, há sen-

sores que captam a informação neste

chip

– por exemplo, se você

não pagou o objeto, um dispositivo de controle vai ser aciona-

do. Podemos fazer muitas coisas com esses equipamentos. Em

outras palavras, nós nos encontramos numa problemática de

comunicação máquina-máquina. Existe uma tipologia da ciber-

nética que dizia que há comunicação humano-humano e huma-

no-máquina. Hoje existe comunicação máquina-máquina.

2 Os usos e a utilização

Abordaremos agora a definição do que entendemos

por usos. Uma definição muito concisa do que é um uso é a se-

guinte: o uso é o que as pessoas fazem, efetivamente, com os ob-

jetos e dispositivos técnicos. Uma segunda definição, breve, é a

de que há uma dinâmica do uso; não só se define o uso como

o que as pessoas fazem com o objeto, mas também existe uma

dinâmica do uso. Podemos falar, por exemplo, da trajetória de

usos, ou seja, uma recuperação histórica dos usos. Já realizamos

pesquisas a partir de entrevistas em profundidade e tentamos

seguir essas pessoas na sua trajetória de vida em relação ao lu-