Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
ço. Isso é um problema, diríamos, sobre o qual podemos tentar
pensar em uma terceira via, entre essas duas proposições. É um
desafio para a democratização técnica. Uma possível abordagem
é considerar os usuários inteligentes, mas como usuários que
não querem investir muito neste aprendizado das máquinas.
Estamos diante de um problema. Não temos respostas para isso,
mas sentimos que é uma problemática para o futuro, que estará
em jogo no futuro, pois achamos que estamos indo emdireção ao
mundo onde vamos estar cada vez mais dependentes da técnica.
5 Questões e prospecções
Abordaremos agora o que chamaríamos de tendências,
descrevendo as tendências das condições de uso das tecnolo-
gias na era digital. Inicialmente, diríamos que estamos diante
de uma importância crescente de agregados de usuários
online
.
Pensamos, por exemplo, nos
followers
de uma conta no Twitter,
todos os assinantes de
sites
de redes sociais, como o Facebook.
A questão sociológica que podemos levantar é a seguinte: em
que condições esses agregados de usuários podem formar co-
munidades? Ou seja, conjuntos que compartilham certos pontos
comuns, valores. Consideramos realmente interessante postular
que,
a priori
, as pessoas assinantes de uma mesma plataforma
não constituem, necessariamente, uma comunidade; são, antes,
um agregado. E a questão sociológica é a seguinte: em que con-
dições este agregado pode se transformar em comunidade?
Outro elemento prospectivo é observar a multiplica-
ção das comunidades de práticas dentro das empresas, tanto
em escala local como global. Observar também a multiplicação
das formas de comunicação de grupo dentro das organizações.
Podemos pensar aqui em intranets, plataformas colaborativas,
correios instantâneos. Um exemplo disso: em determinadas em-
presas, existem
blogs
de empresas, que são espaços de expres-
são do sofrimento no trabalho. Alguns empregados confiam no
dispositivo, considerando que é confidencial; são dispositivos
internos das empresas.
Outro elemento de prospectiva é que vemos hoje o fato
de que os usos pertencem a três esferas de práticas entrelaça-