Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
mais, em nossos ambientes, dispositivos invisíveis. Por exemplo,
as famosas
tags
RFID. Fomos convidados para visitar um labo-
ratório no sul da França, e nos apresentaram alguns usos que
estavam sendo desenvolvidos e demonstraram o seguinte: isso
acontece em um barco que se encontra no Oceano Índico, e este
barco transporta
containers
, mas cada porta de cada
container
tem
tags
RFID que permitem saber se uma das portas está sen-
do aberta clandestinamente. Então, podemos imaginar que cada
objeto de cada
container
poderia também possuir essa
tag
. O ce-
nário era o seguinte: você é o capitão deste barco e recebe um
telefonema, uma mensagem da central de controle, que fica nos
Estados Unidos, e informam que um dos
containers
no seu barco
foi arrombado. Esse dispositivo tem uma comunicação via saté-
lite (GPS). Com isso, podemos observar que todo o ambiente de
dispositivos invisíveis vai permitir este controle no barco. Esse
é um exemplo, mas podemos multiplicar os exemplos. Vamos
circular em ambientes cada vez mais povoados por esses dis-
positivos. Diante disso, nossas perguntas são: como repensar a
problemática da apropriação das tecnologias, em tal contexto?
Como podemos permanecer sujeitos autônomos, frente ao do-
mínio progressivo desses dispositivos invisíveis? O que acontece
com o usuário? Como podemos falar, ainda, de uso em tal con-
texto? São questões abertas, para as quais não temos respostas,
e isso é muito preocupante para nós. Temos a impressão de que
os humanos estão sendo ultrapassados pelo desenvolvimento
das tecnologias invisíveis.
A segunda problemática aborda as figuras de um usuá-
rio situado entre o grande público. Perguntamos: como devemos
definir o usuário localizado entre o grande público? É alguém
que temos que definir como tendo certa competência ou como
uma pessoa completamente submissa aos ambientes informáti-
cos? Temos duas linhas. Uma é aquela que pensa sobre um usuá-
rio competente; essa é a postura dos militantes do
software
livre.
Eles dizem que o usuário deve fazer um esforço cognitivo para
apropriar-se dos objetos técnicos. Consideram o usuário um in-
divíduo inteligente, que precisa se esforçar para apropriar-se
dessas tecnologias. Do outro lado, a indústria, em particular a
dos proprietários de
software
, diz que é necessário simplificar
ao máximo as interfaces, para que o usuário faça o mínimo esfor-