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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

semiologia considera que o sentido do texto é

realmente par-

te integrante do texto ou se há fragmentos de sentido que são

externos ao texto. Nos estudos de recepção, considera-se que

o sentido de um texto não faz parte integrante de um texto. O

segundo postulado é a recusa de uma análise exclusivamente

textual que passa pelo abandono de todo e qualquer modelo

de interpretação que seja privilegiado pelo analista. Portanto,

as estruturas do texto são apenas virtuais, no sentido de que

podem se atualizar nos leitores. Então, o texto é ativado por

um leitor, e é desta forma que podemos falar de interpretação.

O terceiro postulado é o de que não há mais razão para que

uma mensagem seja automaticamente decodificada do modo

como foi codificada. Quarto postulado: o espectador pode não

só retirar do texto interpretações inesperadas para o analista,

mas ele pode ainda resistir à pressão ideológica exercida pelo

texto, rejeitando ou subvertendo os significados propostos

pelo texto. É simplesmente uma consequência do que apresen-

tei anteriormente. O quinto postulado é o de que a recepção se

constrói num contexto que é caracterizado pela existência de

comunidades interpretativas. Uma comunidade interpretativa

está ligada ao fato de compartilhar visões de mundo e valo-

res com outras pessoas, com as quais nos identificamos, e que

nos fornecem apoios cognitivos que nos dão suportes para que

possamos desenvolver uma interpretação. O sexto postulado

se refere à recepção como um momento em que as significa-

ções do texto se constituem pelos membros de um público; são

estas significações, e não o texto em si, e muito menos as in-

tenções dos autores, que servem de pontos de partida para as

cadeias causais que conduzem aos diferentes tipos de efeitos

atribuídos à televisão.

Resumindo esta fase, um tanto longa, eu diria que é

o trabalho de interpretação da mensagem que vai ter de ser

levado em consideração quando se reflete sobre a influência

das mídias. Aí se trata de questões epistemológicas, pois isso

significa que se nos concertarmos

em fazer uma análise dos

conteúdos da mensagem, não podemos daí induzir uma certe-

za quanto à influência. Se quisermos trabalhar sobre a influên-

cia da mídia, devemos também levar em conta o processo de

recepção.