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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

conformidade quanto práticas de oposição. Observem, então, o

desvio. Passo agora aos trabalhos realizados mais na linha da

Escola de

Columbia. Na linha de Columbia, a estratégia meto-

dológica (LIEBES; KATZ, 1993) foi a seguinte: constituíram pe-

quenos grupos formados por um casal, ou marido e mulher, e

um casal de amigos. O observador ia até a casa destes casais.

Então havia cinco pessoas: os dois casais mais o observador.

Eles assistiam à televisão através de videocassete, ao programa

Dallas, e depois o observador fazia uma longa entrevista com as

quatro pessoas para saber como elas resumiam o que tinham

visto. Estas famílias pertenciam a grupos que foram divididos de

uma forma um pouco fantasiosa, mas é interessante observar os

resultados. Os resultados destacam três maneiras de resumir: uma

maneira linear, uma maneira segmentada e uma maneira temá-

tica. Resumir de forma linear nos insere na prática de confor-

midade: vamos buscar os estereótipos que são propostos, e se

resume o episódio de uma forma bastante semelhante àquela

que

os produtores desejaram apresentar. No grupo de árabes e

marroquinos identificamos esse modo. O segundo modo de re-

sumir, o modo segmentado, foi usado por pessoas mais familia-

rizadas com a série, com os personagens, que resumem, então,

concentrando-se em determinadas personagens, chegando até

a antecipar a narrativa dizendo que pensam que um vai casar

com o outro, coisas assim. Esses são

os norte-americanos da

Califórnia e residentes em

kibutzim

. E o terceiro tipo de resu-

mo, o temático, nos apresenta uma leitura maior em termos de

crítica ideológica, e aqui eu diria que esta se aproxima mais da

prática opositora. Esses são os russos.

Dentro desta primeira geração de pesquisa vou abor-

dar agora a perspectiva conhecida como texto-leitor. Nessa, é

interessante abordar os trabalhos de Daniel Dayan, que fez uma

explicitação do que chamamos de modelo texto-leitor. Ele anun-

cia alguns postulados que estariam presentes neste modelo

texto-leitor. O primeiro deles é que o sentido de um texto não faz

parte integrante do texto. Isso diverge da semiótica. Seria in-

teressante, então, estabelecer um diálogo para vermos se a