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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

co, cada um dos membros dele

tem consciência de fazer parte de

um público. Há uma consciência reflexiva de parte dos membros

de um público. Evidentemente, a imagem que me vem de um pú-

blico é a de um público de teatro. As pessoas no teatro estão sen-

tadas lado a lado, reagem juntas, e percebemos que nós rimos e

os outros não riem, ou vice-versa.

Ao contrário, a audiência corresponde mais, de acordo

com a expressão de Daniel Dayan, ao mundo de ficções estatísti-

cas. Eu uso a palavra audiência quando falo em mensuração do

que em Quebec chamamos de código de escuta. O que vemos é

um retrato instantâneo num momento determinado em que se

constata que há tantas, milhares de pessoas que ligaram a sua

televisão, mas não sabemos mais do que isso. Por isso, não po-

demos falar, realmente, de público. Podemos falar, sim, então, de

uma ficção estatística. Há toda uma reflexão sobre o que seja um

público de televisão. É este o sentido do texto de Daniel Dayan,

esta questão sobre o que é um público de televisão. Será que es-

tamos lidando com ilusões de um público?

Estas orientações construtivistas também se interessa-

ram pela necessidade de ampliar as problemáticas da recepção,

principalmente articulando-as com os estudos de produção. Os

estudos de produção originariamente, todos aqueles estudos re-

lativos a salas de redação de jornalistas, vieram antes desses es-

tudos de produção, mas eu me dei conta de que, há alguns anos,

existe uma nova corrente que está instituindo o que se chama de

Public Studies

. Seria interessante articular os

Reception Studies

com os

Public Studies

. Temos, então, orientações construtivistas

numa reflexão que postula que os públicos de televisão não exis-

tem,

a priori

. Portanto, o interessante é buscar os processos de iden-

tificação intersubjetiva dos membros da audiência. Em outras

palavras, eu diria que aqui estamos no âmbito do mundo de te-

lespectadores. E podemos nos perguntar o que constitui o públi-

co no mundo dos telespectadores.

A última reflexão sobre as orientações construtivistas

é a da importância a ser atribuída à noção de intertextualidade.

Uma determinada emissão ou programa se torna um referencial

para interpretar outros programas ou outras

emissões. Quando

completei meu quadro anteriormente com a noção de programa