Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
uma estrutura rígida de formação dos perfis, padronizando a for-
ma como todos os usuários aparecem em tal rede, bem como no
Twitter. Isto é, a subjetividade dos sujeitos é, ao mesmo tempo,
“livre” para ser constituída do ponto de vista do conteúdo, mas
rigorosamente controlada do ponto de vista da forma. A razão é
simples: quanto mais informação fornecemos às redes (por isso
a produção de conteúdo é fundamental), seguindo seus padrões
e preenchendo seus campos de informaço, mais nos adequamos
aos algoritmos de mapeamentos individuais e coletivos e mais
valor (porque com informações mais completas) terão os rela-
tórios a serem vendidos sobre nossos perfis pessoais a outras
corporações. A fortuna dos GAFAM,
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que estão entre as maiores
corporações do mundo, vem do infinito e baratíssimo trabalho
imaterial dos mais de 3,4 bilhões de internautas. Portanto, há
que se tensionar o conceito de liberdade na Internet, isso porque
ela está condicionada às possibilidades técnicas das comunida-
des em rede e dos interesses comerciais em jogo. Ocorre, então,
que por trás das plataformas audiovisuais em que se navega na
www
existem sistemas sofisticados de programação, responsá-
veis pela armazenagem de dados dos usuários, que mapeiam/
monitoram as formas de agir dos internautas.
Do ponto de vista estético, os modos de agir/ser nas
comunidades on-line são pautados por uma construção de si
formada em grande medida por imagens, sejam elas estáticas
ou dinâmicas (vídeos, gifs, animações, etc.). Isso é reflexo tam-
bém dos avanços tecnológicos, que, ao mesmo tempo que de-
mocratizam a produção audiovisual, geram uma “necessidade”
de produção desse tipo de discurso. Evidentemente isso não se
dá de maneira absolutamente linear e pacífica entre os aparatos
técnicos e os usuários; há todo um tensionamento mútuo que
reorganiza práticas e atualiza a produção desse tipo de conteú-
do. Por ser um processo constante, há sempre algo em (des)
construção e em (re)produção por parte dos amadores na
web
,
sendo os memes (imagens que viralizam na rede, normalmente
promovendo uma ressignificação cômica ou irônica de uma ima-
gem bastante conhecida) os casos mais emblemáticos e comuns
desta potência criativa e criadora das audiovisualidades
web
.
20 O termo se refere às empresas Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft.