Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
samento em linha, mas é preciso avançar no que corresponde
à compreensão das imagens nos dinâmicos cenários das redes
sociais contemporâneas. Ainda que a Comunicação não seja re-
conhecidamente um campo específico de conhecimento, a área
pode dar significativa contribuição à investigação sociológica e/
ou filosófica à medida que apresenta ferramentas e/ou alterna-
tivas metodológicas de análise de imagens. Com vistas a essa
necessidade, Flusser propõe uma mudança paradigmática no
modo de raciocínio quando temos no horizonte empírico ima-
gens construídas com objetivo comunicacional. Embora o filó-
sofo tivesse se dedicado a pensar sobre o cinema e a televisão
para inferir suas proposições, parece-nos crível fazer a aproxi-
mação com a Internet. Daí a necessidade de ajustarmos o foco
nas análises.
[…] o pensamento ocidental está se aproveitando
cada vez mais desses novos meios [televisão e ci-
nema]. Eles impõem ao pensamento uma estrutu-
ra radicalmente nova, uma vez que representam o
mundo por meio de imagens em movimento. Isso
estabelece um estar-no-mundo pós-histórico para
aqueles que produzem e usufruem desses novos
meios. De certa forma, pode-se dizer que esses no-
vos canais incorporam linhas escritas na tela, ele-
vando o tempo histórico linear das linhas escritas
ao nível da superfície (FLUSSER, 2007, p. 110).
Não se trata, portanto, de um rompimento radical com
o pensamento em linha, mas de estabelecer novas relações tam-
bém a partir da ideia do pensamento em superfície. Trata-se de
levar em conta como outras perspectivas teóricas são capazes de
ampliar o repertório de análise e compreensão dos fenômenos.
Ainda sobre as trocas entre humanos e dispositivos tecnológicos,
é pertinente não perdermos de vista a natureza compartilhável
de um mesmo espaço entre estes dois entes que compartilham
aspectos culturais (os usos) e maquínicos (os bancos de dados).
Deste modo fazemos uma rápida convocação a Arlindo Machado
(2007), que chama atenção para uma condição peculiar dos su-
jeitos no ciberespaço, a partir de Edmond Couchot, propondo
que a participação das pessoas nas mídias digitais opera na lógi-