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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

de guerir la maladie de l’utopie a l’aide de ce qui

est sain dans l’ideologie – son element d’identite

(...) et tenter de guerir la rigidite, la petrification

des ideologies par l’element utopique. Mais il est

trop simple de repondre que nous devons garder

l’enchaînement dialectique. Nous devons nous

laisser attirer dans le cercle et ensuite tenter

d’en faire une spirale». C’est dans cette perspec-

tive dynamique, que je me situe pour construire

un modele d’analyse de l’imaginaire technique

15

(FLICHY, 2001/5, p. 67).

A figura geométrica que melhor explica a marcha da

humanidade é a espiral. Em alguma medida é exatamente isso

que Ricoeur quer dizer com a dialética das utopias e ideologias,

permitindo a progressão (não necessariamente o melhoramen-

to) de nossas sociedades até o desembocar do tempo presen-

te, seja em termos sociais ou técnicos. Um exemplo disso, como

bem lembra Flichy, é que na década de 1950 os computadores

eram máquinas cujas finalidades destinavam-se tão somente

à administração de sistemas lógico-científicos automatizados,

mas muito precários, portanto, impensáveis como ferramen-

tas de comunicação, o que atualmente parece ser sua principal

característica.

A utopia de um mundo melhor (mais igualitário e jus-

to) é um projeto sempre por fazer e, aparentemente, cada vez

mais distante, a despeito dos exponenciais avanços tecnológi-

cos. É nesse contexto que as ideologias tecnicistas impactam

também nas construções subjetivas do “eu”, isto é, no “eu digi-

tal”, um tipo de “ser no mundo” mediado e constituído pela téc-

nica, ainda que não exclusivamente derivado dela. Isso alarga

a possibilidade de construção de imaginários sobre indivíduos

e/ou comunidades de pessoas, que passam a ser simbolizados,

15 Tradução nossa: “Em definitivo, a convicção de Ricoeur <<é que ainda estamos

tomados nesta oscilação entre ideologia e utopia (...) devemos tentar curar o

mal da utopia com o que é saudável na ideologia – seu elemento identitário (...)

e tentar curar a rigidez das ideologias petrificadas pelo elemento utópico. Mas é

muito simples responder que precisamos fazer isso para manter a cadeia dialé-

tica. Devemos nos permitir entrar no círculo e, em seguida, tentar fazer uma

espiral.>> É dentro desta perspectiva dinâmica que me situo para construir um

modelo de análise do imaginário técnico”.