Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
aparentar ser mais interessantes no universo
web
do que real-
mente são na vida cotidiana, embora isso não implique juízos
morais
a priori
.
Il suffit de les observer pour se rendre compte
que l’identite personnelle n’est pas une simple
copie, mais que la mise en forme et la mise en
scene de soi, a travers leurs pages personnelles
(les photos superbes, l’originalite de la mise en
page, etc.), presuppose beaucoup d’imagination,
ainsi qu’une bonne dose de creativite
22
(ALLARD;
VANDENBERGHE, 2003/1, p. 214).
Um fenômeno sociológico interessante que ocorre nas
comunidades on-line é que as singularidades que se destacamna
massa de internautas adquirem tal
status
por meio de relações
entre pares –
peer to peer
– e não de forma hierarquizada. Nesse
sentido, parece que o objetivo da construção de identidades di-
gitais é alcançar uma particularidade, uma espécie de “aura per-
dida” – retomando termos benjaminianos –, um tornar-se único,
transformar-se em singular no construto do “eu digital”, mas um
singular que merece ser reconhecido pelos demais pares. No en-
tanto, cabe sublinhar, nós – os humanos – não estamos sozinhos
nesta intrincada dinâmica de nos tornarmos relevantes no espa-
ço social digital. Isso porque os algoritmos dos bancos de dados
são fundamentais nesse processo, uma vez que as informações
mapeadas por robôs, a partir da atuação dos usuários em rede,
são capazes de constituir sujeitos sociais no campo digital muito
distintos daqueles construídos por nosso imaginário. São estes
robôs que definem nossas interações, criam zonas de sombra e
de participação. Determinam, em certo grau, nossas possibilida-
des de interação. O resultado prático desse processo oscila entre
o grotesco das associações desinteressantes quando apontam
nossas identidades digitais a listas de resultados de uma busca
qualquer até a sofisticação de avatares, inclusive com certos ra-
ciocínios lógicos, muito parecidos aos humanos.
22 Tradução nossa: “Basta observar que a identidade pessoal não é uma simples
cópia, mas sua forma é a própria encenação de si, por meio de suas páginas
pessoais (fotos grandes, originalidade do layout, etc.), o que pressupõe muita
imaginação e uma boa dose de criatividade.”