Table of Contents Table of Contents
Previous Page  79 / 282 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 79 / 282 Next Page
Page Background

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

Proulx (2013) faz uma distinção importante e pontual

de usos e apropriações. Em seminário

6

realizado na Unisinos, o

autor afirma que “o uso é o que as pessoas fazem, efetivamente,

com os objetos e dispositivos técnicos”. Avançando na definição,

o autor complementa: “Uma segunda definição breve é de que

há uma dinâmica do uso, não só se define o uso como o que as

pessoas fazem com o objeto, mas também existe uma dinâmi-

ca do uso” (PROULX, 2013, p. 03). Tal dinâmica se refere ao uso

partindo do consumo até a noção de apropriação. Como exem-

plo Proulx cita a aquisição de um computador; isto não significa

seu uso, pois o mesmo pode permanecer na caixa por meses a

fio. O uso é determinado pela relação que se tem com o objeto.

No entanto, mais do que o uso, o que interessa neste artigo é a

apropriação, uma vez que, para a reinscrição na web de imagens

jornalísticas, é preciso ter uma relação com o objeto já estabele-

cida e ir além dela. O que se observa é que os usuários dominam

os dispositivos técnicos, respeitando aquilo que lhes é permitido

dominar, como já diria Flusser (2002), mas inserindo-se em ati-

vidades de apropriação.

Conforme Proulx (2013, p. 05), a apropriação deman-

da a superação do domínio técnico do objeto para que seja pos-

sível a integração deste com a vida cotidiana. “Se você apenas

domina o objeto técnico sem integrá-lo na sua vida profissio-

nal, pessoal, doméstica, não há, em minha opinião, uma verda-

deira apropriação. Em última instância, esse gesto criativo do

uso leva, possivelmente, a uma reinvenção da prática”. O autor

vem desenvolvendo em seus estudos um modelo para a inves-

tigação das apropriações que precisa levar em conta quatro

condições:

a) O domínio técnico e cognitivo do artefato, b) a

integração significativa do objeto técnico na prá-

tica cotidiana do usuário, c) o uso repetido des-

sa tecnologia que abre possibilidades de criação

(ações que gerem novidades na prática social), d)

finalmente, em nível mais propriamente coletivo,

6

Transcrição do II Seminário da Escola de Altos Estudos/Capes – “Mutação da

comunicação: Emergência de uma cultura da contribuição na era digital” reali-

zado em abril de 2013.