Table of Contents Table of Contents
Previous Page  75 / 282 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 75 / 282 Next Page
Page Background

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

atores sociais midiatizados, conforme Proulx (2013, p. 91),

“selecionam, orientam, recebem, interpretam, remixam, criam,

transmitem mensagens. Estas tecnologias interativas definem

a atividade de criação de conteúdos pelos usuários como ele-

mento central de um novo ambiente informacional”. No entan-

to, é válido destacar que a tecnologia potencializa o processo,

mas a mudança é essencialmente social e não se dá apenas

pela tecnologia, pois vai além dela. Trata-se do que Fausto Neto

(2008) chama de uma cultura de mídia que é assumida ou que

é introjetada ao longo dos anos. Nesse mesmo sentido, Proulx

(2013, p. 91) destaca que a web social potencializa a constru-

ção de uma cultura midiática por parte dos interatores. Mas

que cultura é essa? Certamente, uma cultura que se constrói

em um outro tempo, articulando presente e passado e talvez

antevendo o futuro, o que significa que há uma dilatação de

tempos. E é exatamente dentro da problemática da midiatiza-

ção, na esfera do digital, que este artigo se insere, uma vez que

parte-se do pressuposto de que muitas imagens jornalísticas são

apropriadas por usuários da web e reinscritas na própria midia-

tização. Isto ocorre de tal modo que a memória iconográfica in-

dividual vai sendo substituída ou preservada a partir da manu-

tenção em circulação destas imagens, numa espécie de memória

proteica ou, como afirma Anders (2011), “

spare pieces

” ou peças

sobressalentes.

Esse duplo processo produz diversas transforma-

ções nas disposições e dispositivos midiáticos,

em suas relações com as instituições e indivíduos

que os disputam, mobilizam e os desenvolvem.

Os processos midiáticos somam, portanto, diver-

sas circulações – emissão/recepção, emissão/

recepção/emissão e recepção/emissão/recep-

ção – transformadas pela midiatização das insti-

tuições (portais, novas configurações tipo Igreja

Universal do Reino de Deus) e dos indivíduos

(blogs, Facebook, MSN). Todos, emissores e re-

ceptores, estão inclusos no processo de produção

(FERREIRA; ROSA, 2011, p. 03).