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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

a socialização e mecanismos de visibilidade. Conforme Bernard

Miège (2009), a comunicação se inscreveu profundamente nas

relações sociais e se generalizou, mesmo que a eficácia como

ferramenta e técnica ainda não seja plenamente garantida ape-

nas pelo seu uso. Ante a midiatização e as novas tecnologias da

informação e comunicação, comunicar deixou de estar restrito a

uma instituição ou organização, principalmente do domínio do

jornalístico. Serge Proulx (2013), ao se referir aos estudos da co-

municação no espaço da internet, destaca que os próprios estu-

dos sobre a recepção ou sobre o papel do receptor precisam ser

repensados em função do contexto da multiplicidade de telas e

dispositivos, onde todos são, em certa medida, emissores. Para

Proulx,

Nós nos vemos diante de uma multiplicidade de

fontes de telas numa confusão de gêneros sobre

o que é publicidade, o que é informação pública,

o que é comunicação, numa convergência entre

o conteúdo das antigas mídias e os novos dispo-

sitivos interativos digitais, que nos permitem re-

mixar antigas mídias com elementos de criação

inovadora. Vemos, então, uma multiplicação das

telas. A tela está cada vez mais presente: do telefo-

ne celular ao computador. A tela da televisão está

em todas as nossas atividades diárias, agora trans-

postas nas telas diversas e, ao mesmo tempo, em

interação com o que está acontecendo. Estamos

diante de uma hibridação dos nossos modos de

difusão, distribuição e de comunicação. Passamos

das audiências de massa às comunidades de inte-

resse que reúnem coletivos de usuários, comuni-

dades epistêmicas e comunidades de amadores

(PROULX, 2013, p. 90).

Isto implica dizer que a midiatização se instaurou pro-

fundamente no tecido social, sendo que os receptores agora se

tornam, na expressão de Proulx, “interatores”, deixando o pos-

to de passivos como nos esquemas canônicos da comunicação.

Assim, há uma autonomização dos processos comunicacionais

para além do trabalho jornalístico, por exemplo. Os próprios