Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
de pesquisas retidos durante um determinado tempo, antes de
publicá-los. Hoje, estamos numa sobreposição de estudos de so-
ciólogos e estudos de
marketing
. Há cada vez mais uma força do
marketing
em relação aos estudos de uso. Podemos dizer, tam-
bém, que nas universidades, nos centros de pesquisa, temos gru-
pos de pesquisadores que desenvolvem orientações epistemoló-
gicas diferentes, ideologias divergentes e podem ter abordagens
diferentes dos usos, variando em função das suas orientações.
As problemáticas dos estudos de uso são construídas pelos
pesquisadores e por aqueles que encomendam os estudos. Há
aí uma relação de forças assimétrica, e os que encomendam os
estudos têm a última palavra. Um desafio teórico e metodológico
para os pesquisadores está em como pensar juntos o registro do
micro e do macrossociológico.
Gostaríamos de apresentar três desafios para o futuro
das pesquisas sobre os usos. O primeiro deles é evitar toda e
qualquer problematização dos objetos comunicacionais que os
reduziria ao
status
de simples dispositivos técnicos. Os objetos
comunicacionais não são simplesmente dispositivos técnicos.
Eles têm numerosas dimensões.
O segundo desafio está no fato de precisarmos articu-
lar os trabalhos sobre os usos com as tradições de pesquisa em
estudos de tecnologia. Há uma interface a estabelecer entre os
campos das ciências da informação e da comunicação e o domí-
nio das ciências que estudam a tecnologia.
O terceiro desafio é a necessidade de desenvolver abor-
dagens interdisciplinares para pensar os usos em nível micro e
macro, ao mesmo tempo. E buscar elementos em várias discipli-
nas para se conseguir pensar os usos.
Referências
ARVIDSSON, Adam; COLLEONI, Elanor.
Value in Informational
Capitalism and on the Internet.
The Information
Society:
An International Journal, v. 28, n. 3, p. 135-150,
2012.
GRANJON, Fabien. Le web fait-il les révolutions? Nos vies numé-
riques.
Mensuel
, n. 229, p. 01-06, 2011.