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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

das. Uma esfera doméstica, uma esfera profissional e uma es-

fera pessoal. Os

smartphones

possibilitam o desenvolvimento

de uma zona pessoal de comunicação. No caso de um casal, por

exemplo, um pede para ver o celular do outro, então toda uma

vida privada, particular, corre o risco de ser rompida por esse

tipo de interação. É interessante observar de que modo, como

ocorre esse entrelaçamento dos usos através dessas três zonas

de práticas. Podemos falar da presença conectada, ou seja, estamos

permanentemente conectados. E, mesmo não estando direta-

mente em interação, sabemos que o outro está virtualmente ali

e que podemos nos comunicar com ele. Então, há toda uma di-

mensão desta presença a distância, conectada, que tem um im-

pacto psicológico e um impacto também sobre os laços sociais.

Diríamos que estamos dentro de uma interpenetração de socia-

bilidades pessoais e profissionais.

Quanto à segunda tópica conceitual para pensar os

usos, tudo que foi abordado até agora está baseado em traba-

lhos pertencentes a uma primeira tópica, ou seja, a um modo

de pensar os usos dominantes até os anos 1990, e, a partir dos

anos 1990, surgiu uma segunda tópica para pensar os usos. Essa

tese desenvolvemos em uma obra chamada “Problemáticas e

usos das tecnologias da comunicação”, acessível em francês.

Queremos indicar cinco níveis de análise que podem ser usados

para pensar os usos.

O primeiro de nível de análise é uma abordagem volta-

da para o usuário. Temos aí uma problemática de interação en-

tre o utilizar e o dispositivo técnico. A tradição de pesquisa que

se interessou por essas abordagens se chama

Human-Computer

Interaction

, e os ergonomistas foram muito importantes nesse

âmbito. Um segundo nível pode ser chamado “as abordagens

centradas no conceptor”. Ele estuda as problemáticas de coor-

denação entre o usuário e o conceptor, ou, mais especificamen-

te, entre uma representação do usuário que o conceptor tem. O

conceptor vai desenhar a interface do objeto técnico tendo em

mente uma representação do utilizar. E toda a questão da coor-

denação entre o usuário e o conceptor vai estar em saber se o

usuário “se vira” bem com a interface imaginada pelo conceptor.