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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

Figura 2 – Detalhe da página Catecismo da Igreja Católica no Facebook

Trata-se de uma página criada em 2009 por um “apos-

tolado fundado em julho de 2009”, ou seja, por fiéis comuns,

sem vinculação oficial explícita com a Igreja-instituição, não

fazendo parte, portanto, da oficialidade institucional cató-

lica. Nela, os administradores se apropriam da plataforma

Facebook e publicam, dentre outras coisas, trechos de docu-

mentos oficiais da Igreja, permitindo um debate público nos

comentários entre os diversos agentes em rede, sem a media-

ção institucional das autoridades eclesiais, gerando um novo

fluxo de circulação de sentido religioso, fora dos circuitos ofi-

ciais da instituição eclesial. Às vezes, os responsáveis pela pá-

gina também respondem e debatem com os demais usuários,

assumindo um papel de “especialistas religiosos” na constru-

ção de sentido que ocorre nesse ambiente. Na economia dis-

cursiva desse circuito específico, tais administradores leigos

assumem, simbolicamente, um papel de “máxima autoridade

doutrinal” (o Catecismo) acerca das temáticas católicas nos de-

bates que se instauram nas inúmeras trocas comunicacionais

entre os leitores da página

.

No total, mais de 83 mil pessoas “curtiram” a página,

ou seja, manifestaram, mediante um protocolo específico da

plataforma Facebook, a sua confirmação, a sua aderência, o seu

feedback

positivo”

7

à proposta da página. Essa processualida-

de técnica da plataforma desencadeia um processo de circula-

7

Segundo o “Glossário” disponível pelo próprio Facebook, o significado do “cur-

tir” é “dar um feedback positivo e conectar-se com coisas com as quais você se

importa” (trad. nossa). Disponível em: <https://goo.gl/DuUrkr>.