Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
Figura 3 – Detalhe da página Diversidade Católica no Facebook
A página é mantida por um grupo que trabalha na inter-
face entre a fé cristã e a diversidade sexual. Como indica o campo
“Sobre”
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da página, essa presença online busca partilhar “a expe-
riência do amor de Deus junto a todos os fiéis que, em virtude
de sua identidade e/ou orientação sexual, frequentemente são
excluídos da comunidade eclesial”, sendo “um núcleo de vivência
e aprendizado cristão, e um canal permanente de comunicação
entre grupos gays e grupos católicos”. A página informa ainda que
atua “promovendo o diálogo e a reflexão, a oração e a partilha”.
Seus administradores, portanto, ressaltam o seu vínculo à “fé
cristã católica”, embora se distanciando de qualquer instituciona-
lidade, identificando-se como um “grupo leigo”.
Essa singularidade subjetiva específica (“católico gay”)
agora pode se afirmar socialmente mediante a sua apropriação
sociorreligiosa do Facebook, como comunidade colaborativa. Tal
página se manifesta, dessa forma, como um “espaço alternativo
para os atores sociais inventivos, um espaço que oferece, então, a
possibilidade às minorias e aos sem voz de tomar mais a palavra”
(PROULX; CHOON, 2011, p. 110, trad. nossa). Por outro lado, tais
práticas cultural-religiosas favorecem a emergência de uma co-
munidade alternativa, em reação à vigilância, à ordem e até mes-
mo à violência simbólicas impostas – do seu ponto de vista – pela
Igreja-instituição.
Para além do site mantido pelo grupo e dos eventos
presenciais organizados por ele, a página do Facebook permite a
exponenciação social de suas práticas, mediante a reconstrução
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Disponível em: <https://www.facebook.com/diversidadecatolica/info>.