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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

contribuição dos usuários no universo digital. Ou seja, as intera-

ções sociodigitais são marcadas pela contribuição entre os parti-

cipantes na construção social de sentido, mediante a “realização

de atividades coletivas orientadas ao tratamento da informação

e a produção de conhecimento [religioso] pelos participantes

continuamente conectados e mutuamente acessíveis” (LICOPPE;

PROULX; CUDICIO, 2010, p. 249, trad. nossa).

Os usuários agora também podem (e são convocados

a) criar, remixar e compartilhar conteúdos em dispositivos so-

ciotécnicos de fácil utilização (PROULX; MILLERAND, 2010). Em

nível social e técnico, portanto, os agentes podem intervir nas

plataformas mediante diversas ações: deslocamento ou desvio

no espectro dos usos previstos; adaptação ou extensão das fun-

ções técnicas ou dos elementos sociossimbólicos para responder

a necessidades e desejos específicos. Por meio de tais práticas

conectadas e cooperativas, ocorre também uma

democratiza-

ção

da expertise religiosa – que agora também passa a estar, de

forma aberta e pública, nas mãos de “amadores” ou “profanos”,

em contraste com os “profissionais” ou “especialistas” religiosos

tradicionais – e uma multiplicação das zonas de contato entre

a instituição religiosa e a sociedade civil. Assim, fiéis, não fiéis

ou infiéis produzem microalterações nas práticas religiosas, po-

dendo transformar discursivamente, em um ambiente público,

aquilo que é percebido como “fato” pela instituição católica.

Em um nível mais complexo de apropriação sociorre-

ligiosa do Facebook, encontramos ainda o caso da página

Diver-

sidade Católica

8

, em que

fiéis que formam uma “minoria gay” na

Igreja Católica se apropriam do Facebook como um ambiente de

engajamento teopolítico (Fig. 3).

8

Disponível em: <https://www.facebook.com/diversidadecatolica>.