Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
vimento LGBT torna-se pano de fundo desse dis-
curso católico, em que o transcendente é convoca-
do publicamente como apoio para a causa gay.
Ao conectar os usuários entre si mediante redes digi-
tais, o Facebook também confere aos agentes uma capacidade de
produzir uma palavra pública e de agir também publicamente
sobre o fenômeno religioso. Em rede, a sociedade, apropriando-
-se das plataformas digitais para suas práticas religiosas, consti-
tui um ambiente social em que pode dizer publicamente “isto é
católico”, “isto não é”: não apenas a instituição religiosa, nem só
a “grande mídia”, mas também os próprios fiéis comuns podem
tomar a palavra publicamente
e
dizer o “católico” midiaticamente
para a sociedade em geral.
Construtos sociais sobre o catolicismo vão sendo oferta-
dos não apenas por umpolo fixo de produção (a Igreja-instituição,
por exemplo), mas sim ofertados-recebidos permanente e simul-
taneamente pelos mais diversos agentes sociais (indivíduos, gru-
pos e demais instituições, religiosas ou não), sendo construídos e
desconstruídos nas interações sociais, para além do controle sim-
bólico e teológico da instituição. Dessa forma, as interações so-
ciais em redes digitais produzem novas modalidades discursivas
sobre o catolicismo, da Igreja para com a sociedade, da sociedade
para com a Igreja, e da sociedade para com a própria sociedade
– favoráveis, resistentes, contrárias ou subversivas, etc. –
a par-
tir
e também
para além
daquilo que é ofertado pela instituição
eclesial, mediante a circulação de sentidos e discursos religiosos
católicos, nos fluxos comunicacionais do ambiente digital.
4 Reconexões: a experimentação religiosa em
rede
No Facebook, como vimos nos casos acima, possibilita-
-se uma democratização da expertise religiosa – que agora tam-
bém passa a estar, de forma pública, nas mãos de “amadores” ou
“profanos”, em contraste com os “profissionais” ou “especialis-
tas” religiosos – e uma multiplicação das zonas de contato entre
a instituição religiosa e a sociedade. No processo de midiatização