Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
para trazer uma compreensão comunicacional, buscando nestas
interfaces um modo de pensar o simbólico e o comunicacional
diante de alguns temas abordados no seminário Escola de Altos
Estudos realizado por Proulx, com o tema “Mutação da comuni-
cação: Emergência de uma cultura da contribuição na era digi-
tal”. Como o tópico doação e gratuidade foi proposto por Proulx,
vemos a necessidade de entender como isso se aplica na prática
e o que envolve o simbólico, comunicacional, e mesmo o senti-
do que isso produz. Conforme Proulx, o trabalho colaborativo
é gratuito. Questionado se o mesmo pode ser remunerado, ele
acrescentou ainda um comentário sobre a utopia pós-mercan-
til, onde as relações sociais não estão regidas pelas normas do
mercado. Assim sendo, nós devolvemos uma outra pergunta: na
atualidade, o crescimento das igrejas neopentecostais não esta-
ria acenando para o oposto, com o acirramento de uma relação
cada vez mais monetizada e mercantilista nas ofertas dos ser-
viços religiosos? Podem-se observar diariamente os impérios
que se formam nas tais igrejas midiáticas, nos escândalos sobre
fortunas de seus mandatários e no crescimento vertiginoso de-
las. Estariam as tais igrejas forçando os fiéis a contribuir? Muitos
sugerem uma “lavagem cerebral”, além de tantos outros adjeti-
vos menos confiáveis. Toda esta motivação de doação pode estar
vinculada a uma produção de sentido. Esta pode ser diferente
para cada indivíduo, que, ao pertencer a uma instituição religio-
sa, transformaria o seu modo de pensar, que, aos olhos de quem
está de fora, parece um absurdo. Pode-se especular, então, que
há diversas motivações para o fiel contribuir.
Perspectiva socioantropológica
Durkheim (2008) chama isto de culto positivo sobre os
elementos do sacrifício:
Qualquer que seja a importância do culto negativo e
ainda que produza indiretamente efeitos positivos,
não tem em si mesmo sua razão de ser; ele introduz
à vida religiosa, mas a supõe mais do que a consti-
tui. Se prescreve ao fiel fugir ao mundo profano, é
para aproximá-lo do mundo sagrado. Jamais o ho-