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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

psicanalítico e, aos poucos, percebem que são os psicanalistas

que, de certa forma, têm o poder no espaço do diagnóstico das

crianças autistas. E eles percebem que, na América do Norte, há

outros diagnósticos, mais comportamentais, mais clássicos, que

introduzemmenos culpa, que falammenos da culpa, no caso dos

pais. Não queremos tomar partido aqui a favor ou contra o diag-

nóstico psicanalítico do autismo, mas simmostrar que, do ponto

de vista de uma sociologia dos usos dos fóruns, o que surgiu aí

foi, de fato, o desejo destes pais de criar uma associação para

gerar poder cidadão no espaço público, mais e além do seu pró-

prio fórum. Eles se encontraram, então, fora deste fórum, frente

a frente, em um espaço físico, e desenvolveram uma associação

que, por sua vez, conectou-se com outras associações, até o ano

passado. E ano passado houve uma mudança em escala nacio-

nal em relação ao poder dos psicanalistas quanto à questão do

autismo. É interessante observar esse caso como um exemplo

de fórum na internet que suscitou uma ação de politização de

uma questão que, inicialmente, não era uma questão política.

Ou, pelo menos, não parecia ser uma questão política.

Concluímos, então, abordando a questão da forma de

contribuição. Será ela uma nova forma de laço social ou será sim-

plesmente uma recuperação mercantil, uma nova forma para o

capitalismo tornar a relação social uma mercadoria? Quando fa-

lamos de forma de contribuição, tentamos considerar a hipótese

de haver uma unidade por detrás dessa diversidade de práticas

aparentemente heterogêneas. E que essa diversidade pode ser

expressa como sendo uma “forma contribuição”, o que remete

a forma social, que encontramos em Simmel, forma social como

maneiras de se associar, maneiras por meio das quais os indiví-

duos interagem entre si. Elaboramos, um pouco anteriormente,

o que entendemos como forma contribuição e concluímos fazen-

do a seguinte pergunta: será que estamos diante da emergência

de uma nova forma de laço social, que teria como consequência

a necessidade de refletir sobre a dimensão moral e ética dessa

emergência de uma nova forma de laço social? Ou será que tudo

isto é apenas uma ilusão e estaríamos apenas no novo avanço

de um processo de mercantilização, em que o capitalismo infor-

macional se apropria do laço social para colocá-lo a serviço da

produção do valor econômico?