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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

A primeira questão gira em torno da credibilidade das

fontes. Com a participação massiva de amadores e de não pro-

fissionais, o controle da qualidade da informação é algo interes-

sante. Essa questão sobre a garantia das fontes está se tornando

uma questão maior. A problemática é a seguinte: será que deve-

mos confiar a profissionais o controle da qualidade da informa-

ção produzida pelos amadores? Ou, ao contrário, será que de-

veríamos desenvolver mecanismos de autocontrole, que seriam

utilizados pelos amadores? A questão da qualidade da informa-

ção que produzem é uma problemática muito interessante para

o futuro do jornalismo, o jornalismo profissional, que está sendo

cada vez mais alterado por esse jornalismo cidadão.

A segunda questão ética gira em torno do que chama-

mos de “deslocamento das especialidades”, as práticas de cons-

trução de materiais utilizando o recurso de chamar um grande

número de indivíduos para solucionar problemas. Essas práti-

cas, então, levantam a questão dos

status

e da autoridade dos

especialistas no seu papel de criação e validação da informação

difundida. O papel da especialidade, então, deve se transformar.

Podemos perceber que a palavra

expert

não é mais exclusiva dos

especialistas; pode haver uma especialidade desenvolvida por

amadores. Antes dessa pesquisa, costumávamos dizer que sim,

havia os amadores de um lado, mas havia os especialistas de ou-

tro. Os amadores desenvolviam um papel de amadores e os es-

pecialistas, de especialistas. E percebemos que não é assim, que

as coisas são mais complicadas. Os amadores podem participar

do desenvolvimento de uma especialidade.

A terceira questão ética é sobre a identificação das res-

ponsabilidades, entre as quais a identificação e veracidade das

fontes, o que nos traz a questão da identificação das responsabi-

lidades jurídicas e morais em relação à natureza da informação

difundida. Que atores devem assumir essa responsabilidade?

São apenas os autores, os criadores dos bens culturais que de-

vem assumi-la? Será que são as firmas responsáveis pelos

sites

e

pelas plataformas? São os grandes operadores de redes? Vemos,

então, que devemos analisar precisamente cada caso, para ver

como se desloca a responsabilidade. No jornal de dois dias atrás,

vimos uma decisão da justiça, na França, considerando que o

espaço do Facebook não era um espaço público, enquanto que