Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
funcional, essa matematização do mundo financeiro provocou
um inchaço da economia financeira. Ela está completamente
desconectada do que alguns economistas chamam de economia
real de produção. Isso nos leva a aberrações, e confessamos que
não vislumbramos um final feliz para esse desenvolvimento; so-
mos bastante pessimistas quanto às disfunções provocadas por
esse inchaço. A terceira característica é aquela da propriedade do có-
digo informático como fonte do valor econômico, como vimos.
Podemos pensar, por exemplo, nas indústrias farmacêuticas; ve-
mos que essas indústrias funcionam com base no código, com
base numa efetividade de códigos. O medicamento que vamos
focar foi produzido por códigos inicialmente, e as trocas entre
os farmacêuticos se dão neste nível. Vemos que, neste capitalis-
mo informacional, indústrias baseadas no código informático se
tornam importantes.
E a última característica do capitalismo informacional
é, justamente, a emergência de uma economia da contribuição.
Até agora falamos da contribuição, da cultura da contribuição
e poderíamos introduzir também a noção de economia da con-
tribuição. Essa expressão foi formulada, pela primeira vez, por
Bernard, em 2009. E ele definiu, historicamente, a economia
da contribuição como a terceira fase do desenvolvimento do
capitalismo. Haveria uma primeira fase, que foi produtivista; uma
segunda fase, que foi consumista. E ainda estaríamos na fase
consumista, mas com uma tendência de que esse consumismo
se desagregue, em proveito de uma economia da contribuição.
5 O que é uma economia da contribuição?
O que entendemos por economia da contribuição é
uma economia baseada, justamente, nesse trabalho contributi-
vo, num trabalho, portanto, que é mais um trabalho imaterial,
que se dá no nível das trocas simbólicas, no nível do processa-
mento dos bens simbólicos. E isso levanta uma questão que não
está resolvida, e achamos que este tipo de questão vai nos preo-
cupar cada vez mais, ou seja: como vamos remunerar o trabalho