Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
4 O capitalismo informacional
O contexto de tudo isso é um contexto de capitalismo
informacional, como diríamos. Portanto, um contexto no qual
nos vemos diante de uma mutação do capitalismo. Uma questão
interessante é tentar qualificar essa mutação. Propomos chamar
essa mutação de uma mutação rumo ao capitalismo informacio-
nal. Mas existem muitas outras designações para ela. Vamos in-
sistir aqui em quatro características.
A primeira delas: uma digitalização dos modos de pro-
dução. Nós estamos, portanto, numa problemática que determi-
nados analistas denominaram pós-fordista, justamente porque
esse tipo de tecnologia penetrou nos modos de produção, ou
seja, a tecnologia informática ou informacional, a tecnologia da
comunicação e da informação são tecnologias que permitem es-
tabelecer conexões entre os grandes polos da produção, os gran-
des polos do aparelho de produção. Então, temos os conceptores,
aqueles que executam, temos os gestores, os responsáveis pela
distribuição, os encarregados pela publicidade, os responsáveis
pelo
marketing
, os encarregados dos pontos de venda; tudo isso
que chamamos de
pós-fordismo
é a conexão de todos esses polos
graças às tecnologias da comunicação e informação. A conse-
quência disso, por exemplo, é a redução dos espaços para produ-
tos materiais. Porque sabemos, cada vez mais exatamente, quais
são os objetos que vamos vender. Numa problemática de pro-
dução de automóveis, sabemos que há uma personalização dos
produtos e isso nos permite comprar. Não conhecemos profun-
damente a questão do
marketing
de automóveis, mas podemos
comprar 60 modelos de ummesmo carro. E agora, com essa tec-
nologia digital, não precisamos pôr à disposição os 60 modelos;
podemos produzir aqueles que são propostos aos consumidores
– que vão receber o produto alguns dias depois.
Outra dimensão dessa digitalização dos modos de pro-
dução diz respeito a toda a questão da deslocalização do traba-
lho; em todos os países, determinadas empresas do setor de cal-
çados fecharam porque os proprietários delas decidiram se ins-
talar em outras regiões, na China, o que obriga os trabalhadores
brasileiros, para continuar a ter trabalho, a irem embora para a