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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

espécie de facilidade natural para usar as mídias digitais. Mas

os trabalhos que conhecemos não são conclusivos em relação a

isso. Nesse ponto, temos um assunto de reflexão em termos de

fratura digital, de desigualdades digitais.

3 A força de agir em redes

Falemos, então, sobre a questão da força de agir numa

cultura da contribuição, em que medida esta cultura da contri-

buição pode ressoar com aquilo que os americanos chamam de

uma vontade de

empowerment

. Perguntamo-nos, justamente,

como encontrar tradução para a expressão

empowerment

. E en-

contramos na literatura sociológica a distinção entre capacidade

de agir e força de agir. Então, temos dois modos de traduzir

em-

powerment

. Quando falamos sobre capacidade de agir, estamos

mais numa linha da sociologia da dominação, mais na linha de

uma prática de resistência a práticas de dominação. Quando fa-

lamos de capacidade de agir, falamos da capacidade de resistir à

dominação. Ao passo que, ao falar de força de agir, estamos mais

numa linha de pensamento que se refere a Spinoza – Baruch

Spinoza. Estamos numa situação em que o indivíduo é pensado

em sua potência, em sua força de ser, que pode ser desenvolvida.

Preferimos estabelecer uma conexão entre Gilles Deleuze, quan-

do define o “plano de imanência”, e Antonio Negri, quando esse

fala que há uma capacidade de autocriação nas próprias singu-

laridades, naquilo que Negri chama de multitude, como sendo

espaço de emergência de uma força de agir. Em outras palavras,

a distinção entre capacidade de agir e força de agir se situa no

enquadramento do agir. Quando estamos numa capacidade de

agir, somos obrigados a resistir nos termos daquilo em que o

dominante nos situou. Ao passo que, na força de agir, não há esse

enquadramento, ela é uma força, uma potência que se expressa a

partir da singularidade.

Dito isso, vamos falar sobre a questão do domínio das

ferramentas da web. Para ficar em harmonia com a nossa dis-

tinção, poderíamos dizer que essas ferramentas da web vão nos

apoiar como sujeitos. Como sujeitos, pessoas que são capazes de

expressar um desejo de emancipação. De forma mais profunda,