Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
nicacionais. Pensamos que a abertura a uma cultura técnica pa-
rece necessária, quando pensamos, ou quando refletimos, sobre
a questão das competências a serem adquiridas para o domínio
dessas ferramentas. Pensamos que não podemos dispensar e ig-
norar essa questão da cultura técnica. Este é o grande debate,
entre cultura técnica e cultura literária, que foi produzido pelo
filósofo britânico C. P. Snow. Será que não devemos nos abrir à
cultura técnica, mesmo que,
a priori
, nos sintamos no mundo li-
terário, filosófico, das ciências humanas? Essa questão nos pare-
ce importante; a questão das competências a serem adquiridas,
quando a situamos no âmbito das lutas de resistência em torno
das revoluções árabes, em torno dosmovimentos como o
Occupy
.
Pensamos que precisamos introduzir aí também a ideia de com-
plementaridade de competências. Ou seja, podemos pensar que
essas lutas de resistência podem se basear em interações entre
militantes que, tendo competências técnicas mais desenvolvidas
que outros, apoiam-se em outros, que podem ter competências
mais organizacionais, mais coordenativas. Podemos pensar em
tudo isso quando refletimos sobre a questão das competências.
A última grande questão é a da fratura digital. E, de
uma maneira secundária, falaríamos também da questão das cli-
vagens de gerações. Como dissemos antes, pensamos que, ape-
sar da facilidade relativa com a qual podemos usar as platafor-
mas como o Facebook (há muitas crianças de 12 ou 13 anos que
participam do Facebook), existem disparidades entre indivíduos
quanto à habilidade para o uso das ferramentas numéricas; há
uma disparidade entre pessoas que desenvolveram competên-
cias para usar a web quase como sendo de suas próprias natu-
rezas e outras que não. Assim, temos uma reflexão a fazer, em
termos de disparidades, de desigualdades econômicas, de nível
de educação, e também alguns trabalhos falam em disparidades
em termos de faixas etárias, embora isso não seja conclusivo, do
ponto de vista da pesquisa. Podemos nos questionar: uma vez
que se falou muito nas mídias dos
digital natives
, como diríamos,
em francês, “as crianças nascidas do digital”, do mundo digital,
ou seja, os jovens (isso pode abranger a idade de 18 a 25 anos; os
jovens de 25 anos ou menos são os jovens que já nasceram quan-
do o universo digital já estava presente), há alguns analistas que
opõem esses jovens aos mais velhos, dizendo que eles têm uma