Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
ao não observar elementos que operam como mediadores na
constituição de seu funcionamento. Ratifica-se apenas que, além
de afetar a dinâmica mais ampla do ambiente, a convergência
opera sobre as lógicas das instituições midiáticas, bem como so-
bre os modos através das quais os consumidores se expõem às
possibilidades de contatos com universos produtores de men-
sagens. Esta ‘complexificação’ apontaria, como consequência,
para a existência de uma dinâmica de circulação que, equidis-
tante da noção de uma ‘zona automática’, teria, contudo, uma
hegemonia na organização e no funcionamento dos processos
interacionais, segundo lógicas fundadas na dinâmica da ‘oferta
de acessos’. Neste caso, enfatiza-se de modo dominante apenas
o fluxo que opera na direção provocada/arquitetada pelos ni-
chos institucionais ofertadores e não no sentido inverso. E da
inteligência coletiva acentuam-se seus ‘burburinhos’ por parte
dos mercados das mídias, conforme pontuação acima feita por
Jenkins. Isso significa que as marcas da performance da inteli-
gência coletiva são extraídas à luz do espectro dos mecanismos
da convergência, em produção. Nestas condições, a nova dinâ-
mica circulatória se desenvolveria a partir da lógica de ‘propa-
gação/propagabilidade’ cujos efeitos farão emergir o fenômeno
do conexismo. É segundo tal ‘enquadre’ que os indivíduos são
situados em torno de uma determinada performance: “O públi-
co não é mais visto como simplesmente um grupo de consumi-
dores de mensagens pré-construídas, mas como pessoas que
estão moldando, compartilhando, reconfigurando e remixando
conteúdos de mídias [...] (JENKINS, 2014, p. 24). Segundo esta
perspectiva, a noção de convergência vai além da organização
de complexos setores (áudio, informática e telecomunicações)
ao ensejar nova paisagem de atividade circulatória dinamizada
por vínculos que, possivelmente estreitam distâncias, reúnem
produtores e receptores, mas segundo ainda, sob as injunções
da questão do acesso. Trata-se de um processo de fluxo contí-
nuo “entre diferentes sistemas de mídia, não uma relação fixa”
(JENKINS, 2009, p. 377). Também pode ser pensado como “um
sistema híbrido e emergente feito de forma mais forte por atos
de indivíduos e comunidades, uma vez que incorporam o con-
teúdo midiático em suas interações com os outros, muitas ve-
zes movendo as mídias de um lugar para outro sem autorização