Table of Contents Table of Contents
Previous Page  63 / 346 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 63 / 346 Next Page
Page Background

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

e, de outro, da perspectiva de uma sociossemiótica que inflexio-

na postulados das teorias da complexidade sobre manifestações

de caráter midiático. Especificamente, outro tipo de trabalho

teórico que se faz em torno de uma outra noção sobre o concei-

to de circulação. Num passado mais longínquo, disseminou-se

o ponto de vista fundado na crença segundo a qual a produção

de comportamentos convergentes resultaria do espalhamento

de mensagens, conforme apregoaram as teorias da difusão da

inovação. Estas serviam como referências para longos anos de

investigação sobre o papel da comunicação na mudança de es-

truturas das políticas de modernização, de natureza agrícola,

orientadas pela tradição da

diffusion of innovation

. O modelo ti-

nha um caráter processual, mas causalista ao entender que toda

inovação somente poderia ocorrer através de um longo proces-

so de extensão de mensagem que nasceria nos nichos técnico-e-

conômico-políticos (da oferta da inovação) e se disseminaria na

direção das realidades susceptíveis de implementar as pautas

e conhecimentos transmitidos. Entre extensão e adoção, eram

lembrados mecanismos que tratavam de cristalizar o ponto de

vista do ato (institucional) da oferta. De alguma forma, este es-

quema é uma submatriz do que se convencionou chamar de “pa-

radigma lassweliano”. Este lembra que os efeitos de uma mensa-

gem decorrem sempre de uma atividade que consiste no deslo-

camento desta de um polo transmissor a um outro, o da recep-

ção (quem diz o que, a quem, por que canal, com quais efeitos).

Em ambos os modelos a problemática da circulação foi ignorada,

insulada ou, também, automatizada pelo ponto vista encapsula-

dor, por parte da ação emissional. Esta lógica também subsistiu

naqueles momentos que introduziram “interrogações” sobre a

efetividade da “teoria dos efeitos” (como “fluxo da comunicação

em dois tempos” e “usos de gratificação de mensagens”). Mesmo

reconhecendo que os efeitos passariam por outras mediações, o

papel e a inteligibilidade destes enfoques se mantiveram situa-

dos como uma problemática causal entre produtores e recepto-

res. Portanto, as mensagens se dariam apenas num âmbito es-

pecífico que cuidaria dos espalhamentos de conteúdos, segundo

operações equidistantes de aderências e de restrições. Nestas

condições, a circulação situava-se entre desconhecimentos ou

naturalizações; ou seja, apenas como zona de passagem. Outros