Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
e, de outro, da perspectiva de uma sociossemiótica que inflexio-
na postulados das teorias da complexidade sobre manifestações
de caráter midiático. Especificamente, outro tipo de trabalho
teórico que se faz em torno de uma outra noção sobre o concei-
to de circulação. Num passado mais longínquo, disseminou-se
o ponto de vista fundado na crença segundo a qual a produção
de comportamentos convergentes resultaria do espalhamento
de mensagens, conforme apregoaram as teorias da difusão da
inovação. Estas serviam como referências para longos anos de
investigação sobre o papel da comunicação na mudança de es-
truturas das políticas de modernização, de natureza agrícola,
orientadas pela tradição da
diffusion of innovation
. O modelo ti-
nha um caráter processual, mas causalista ao entender que toda
inovação somente poderia ocorrer através de um longo proces-
so de extensão de mensagem que nasceria nos nichos técnico-e-
conômico-políticos (da oferta da inovação) e se disseminaria na
direção das realidades susceptíveis de implementar as pautas
e conhecimentos transmitidos. Entre extensão e adoção, eram
lembrados mecanismos que tratavam de cristalizar o ponto de
vista do ato (institucional) da oferta. De alguma forma, este es-
quema é uma submatriz do que se convencionou chamar de “pa-
radigma lassweliano”. Este lembra que os efeitos de uma mensa-
gem decorrem sempre de uma atividade que consiste no deslo-
camento desta de um polo transmissor a um outro, o da recep-
ção (quem diz o que, a quem, por que canal, com quais efeitos).
Em ambos os modelos a problemática da circulação foi ignorada,
insulada ou, também, automatizada pelo ponto vista encapsula-
dor, por parte da ação emissional. Esta lógica também subsistiu
naqueles momentos que introduziram “interrogações” sobre a
efetividade da “teoria dos efeitos” (como “fluxo da comunicação
em dois tempos” e “usos de gratificação de mensagens”). Mesmo
reconhecendo que os efeitos passariam por outras mediações, o
papel e a inteligibilidade destes enfoques se mantiveram situa-
dos como uma problemática causal entre produtores e recepto-
res. Portanto, as mensagens se dariam apenas num âmbito es-
pecífico que cuidaria dos espalhamentos de conteúdos, segundo
operações equidistantes de aderências e de restrições. Nestas
condições, a circulação situava-se entre desconhecimentos ou
naturalizações; ou seja, apenas como zona de passagem. Outros