Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
investigação acadêmica da comunicação, que destacam pelo me-
nos duas perspectivas: a primeira, de natureza ‘apologética’, ao
maximizar os efeitos de suas manifestações. Para tanto, trata de
estabelecer dois períodos nos quais se acentua o papel das tec-
nologias na construção de cenários e práticas comunicacionais.
O primeiro diz respeito à existência dos ‘
mass media
’, na confi-
guração da ‘sociedade dos meios’, e o segundo é compreendido
pelo estágio atual da midiatização, enquanto gerador não só da
revolução do acesso, mas da própria atividade do conexismo.
Uma segunda perspectiva, de natureza ‘analítica’, argumenta
que a questão do acesso tem de fato profundas implicações so-
bre as formas de contato que o tecido social passa a desenvol-
ver, mas entende também que esta dimensão não contempla a
problemática da produção do sentido. Uma coisa diz respeito às
condições de produção do acesso e circulação de mensagens e
outra, inteiramente distinta – e, portanto, não contemplada pela
convergência –, está relacionada com as condições de produção
de sentidos. O presente artigo tem como objetivo refletir sobre al-
gumas formulações do conceito de convergência no contexto do
campo comunicacional, mas da perspectiva da problemática da
produção de sentidos. Além de destacar a sua importância para
as mutações que se operam na produção de uma nova ambiência
societária, lembramos que ela é também fonte de problematiza-
ções, na medida em que suas incidências sobre o tecido social
apontam para o fato de que a convergência é também geradora
de complexidades, no caso a divergência, como um dos seus efei-
tos. Assim sendo, procura-se aqui mapear, em um primeiro mo-
mento, proposições sobre o conceito de convergência, bem como
observações sobre o cenário de sua manifestação; em seguida,
são apontados outros fundamentos a respeito do ‘regime de
descontinuidades’ impostos pelas práticas da organização social
àquelas produzidas pela convergência; e, por fim, são suscitadas
algumas hipóteses sobre outros processos observacionais que
possam descrever dinâmicas entre convergência/divergência,
levando-se em conta os contextos interacionais que envolvem
sistemas sociais/sistemas socioindividuais segundo, ainda, as-
pectos epistemológicos que apontam de uma outra forma para
a pertinência dos conceitos de circulação e de interpenetração.