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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

Para além do acesso e da observância de protocolos

situados pela expectativa das lógicas em produção, é preciso,

porém, interrogar-se (e descrever) sobre as relações dos indiví-

duos com inúmeros protocolos que envolvem o manejo do aces-

so às ofertas. Muitos desenham percursos sobre os efeitos do

próprio manejo de suas identidades. Especialmente, quando a

precondição do acesso a serviços, bens, conhecimentos, etc. re-

quer mecanismos reguladores como senhas, condicionadores e

prefiguradores de determinada performance. São questões que

se desenvolvem em torno de lógicas conflitivas e, segundo o que

abordaremos no capítulo seguinte deste trabalho, reúnem ope-

rações e marcas de processos de divergências que servem, justa-

mente, para mostrar algo que vai além da observância do aces-

so. Aponta-se para dimensões de descontinuidades na dinâmica

proposta pela formulação em convergência.

Dimensões psíquicas são lembradas como fatores

constituintes da convergência, especialmente quando a mesma

é vista da perspectiva de operações, fluxos, circuitos, etc. E na

medida em que os mesmos envolvem as interações dos indiví-

duos, são espécies de ingredientes para a formação de uma in-

teligência coletiva. Ainda conforme Jenkins, a construção desta

modalidade de inteligência

não ocorre por meio de aparelhos mais sofistica-

dos. A convergência ocorre dentro do cérebro de

consumidores individuais e em suas interações

com outros. Cada um de nós constrói a sua própria

mitologia pessoal, a partir de pedaços de fragmen-

tações de informações, extraídas do fluxo midiáti-

co e transformadas em recursos através dos quais

compreendemos nossa vida cotidiana. Por mais

informações sobre um determinado assunto que

alguém possa guardar na cabeça, há um incenti-

vo extra para que conversemos entre nós sobre

a mídia que consumimos. Essas conversas geram

burburinho cada vez mais valorizado pelo merca-

do das mídias. O consumo tornou-se um processo

coletivo. [...]. A inteligência coletiva pode ser vis-

ta como uma fonte alternativa de poder midiático

(JENKINS, 2008, p. 28).