Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
um certo tipo de maquinaria seletiva para explicar a persistên-
cia da nova ideia” (BATESON, 1986, p. 52). A maquinaria tende a
ser uma espécie de “estrutura que une” ao fazer o trabalho vin-
culante entre produção e recepção. Mas não se trata de estru-
tura que tem sobre estes polos uma ação determinística, pois
ela sofre também as “injunções” por parte daqueles polos. Esta
estrutura tem uma dinâmica. É na conjugação do trabalho destes
dois polos, no âmbito desta ambiência, que se dá a criação da
informação, enquanto diferença: “Devem existir duas entidades
(reais ou imaginárias) tais que a diferença entre elas possa ser
inerente ao seu relacionamento mútuo” (BATESON, 1986, p. 72).
Isso significa reconhecimento de um terceiro elemento – a ener-
gia colateral – entre as duas partes para gerar a interação. No
caso, trata-se do trabalho da maquinaria. Como explicar de um
modo mais didático a relação existente entre esta proposição e
o conceito de circulação? Em fragmentos da obra batesoniana
identificamos algumas descrições que chamam a atenção para o
fato de que “no mundo das ideias [...] é necessária uma
relação
,
seja entre duas partes ou entre uma parte no tempo 1 e a mesma
parte no tempo 2, para ativar um terceiro componente que po-
deremos chamar de
receptor
. Aquilo a que o receptor [...] reage
diz respeito a uma
diferença
ou a uma
mudança
” (grifo do autor)
(BATESON, 1986, p. 104). É na esfera desta relação de dupla ins-
crição que se organizam o trabalho da circulação e a diferença
como seu resultado. Numa exemplificação o autor didatiza ainda
o mecanismo do qual aparece o conceito de circulação. Diz-nos:
Ao dar palestras, normalmente faço um forte pon-
to com giz na superfície do quadro negro, pressio-
nando um pouco o giz contra a lousa para que o si-
nal fique espesso [...]. Se eu baixar a ponta do meu
dedo – uma região dada sensível – verticalmente
sobre o ponto branco, não o sentirei. Se eu mover,
entretanto, meu dedo de um lado para outro do
sinal, a diferença de nível será nítida. Saberei exa-
tamente onde a extremidade do ponto está, qual a
sua inclinação e assim por diante. O que ocorre é
que este estado de coisas estável, inalterável, que
supostamente existe no universo exterior, bastan-
te indiferente ao fato de o sentirmos, ou não, tor-