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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

paradigmas sociológicos tomaram as tecnologias de comunica-

ção como objeto visando conhecer seu impacto na sociedade.

Dividiram-se entre percepções pessimistas e otimistas: as pri-

meiras, inspiradas numa visão determinista, denunciavam que

os tempos de mundo transparente e de convivialidade seriam

afetados pela intervenção das mídias. A segunda, permanecendo

também numa perspectiva otimista, destacava de modo positivo

o papel das técnicas de comunicação sobre o tecido social, reco-

nhecendo a importância dos meios como fontes de organização

e de gestão da vida social. Ou seja, a observação investigativa

sobre os vínculos entre meios e sociedade deixava de fora outras

mediações – como as dinâmicas de circulação – que poderiam

contribuir para ver tais relações de modo mais complexo.

De uma perspectiva mais etnográfica, que se inspirava

em angulações relacionais, examinava-se a relação meio e socie-

dade a partir da articulação entre instâncias produtoras e as dos

atores sociais (receptores). O exame de tal articulação leva em

conta ênfases sobre a descrição das lógicas que os atores mo-

bilizam para estabelecer vínculos com as ofertas. Ou seja, como

tratam de decodificar, redesenhar e ressignificar mensagens a

partir dos seus universos. Pode-se dizer que a eleição de pro-

posições metodológicas de natureza qualitativa desloca a no-

ção de recepção de um estágio de passividade para um outro

de atividades simbólicas, oferecendo pistas para descrever as

suas manifestações enunciadas no âmbito de outros circuitos

interacionais.

A problemática das inovações técnicas, enquanto ofer-

ta dirigida ao tecido social, e as formas de contatos que os atores

travam com suas manifestações geram estudos que se voltam

para descrever os processos de apropriação de tais ofertas por

parte dos usuários. Tal perspectiva valoriza, de um lado, instru-

mentos analíticos e, principalmente, como os mesmos podem

captar discursos. E, de outro, a eleição de problemáticas que em

modelos funcionalistas não vinham à tona, considerando suas

preocupações no sentido de se fixarem apenas na perspectiva

dos atores em produção. Destaca-se a contribuição inovadora e

disseminadora de Michel de Certeau (a ‘leitura como trabalho’)

ao estudar as operações e táticas que o “homem ordinário” rea-

liza para lidar com as ofertas de estratégias institucionais. Tais