Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
Por um lado, os modelos binários acentuavam o funcionamento
da comunicação a partir da noção da intencionalidade do ator,
em situação de produção – ou ainda da perspectiva de ajuste de
sentidos entre produtores e receptores de mensagens. Por ou-
tro, outras perspectivas epistemológicas introduziam no lugar
do ajuste entre P e R a noção de diferença. Ou seja, desponta
o modelo segundo o qual a interação P/R não é uma dinâmica
transferencial controlada pelo primeiro, mas ocorre por relação
que se estrutura em torno de uma diferença.
Tanto a experiência comunicacional de caráter inter-
pessoal como aquela de ordemmidiática são constituída por um
padrão que opera as vinculações entre produtores e receptores
de discursos. “Trata-se de um padrão de segunda ordem, que
podemos chamar de contextos, sem os quais palavras e ações
não têm nenhum significado [...] contexto no sentido superfi-
cial e parcialmente consciente das relações pessoais, e contexto
nos processos muito mais profundos e arcaicos [...]” (BATESON,
1986, p. 23). Enquanto espécie de emaranhamentos, a estrutura
sobre a qual se funda o trabalho da comunicação realiza varia-
das e múltiplas operações, muitas das quais não se encontram a
olho nu. E uma delas é o fato da problemática do sentido, seja em
produção ou em recepção, realizar-se em torno de uma assime-
tria estrutural, suscitando mais diferença do que convergência.
Ou seja: “Todo recebimento de informação é necessariamente o
recebimento de informações de
diferença
, e toda percepção da
diferença está limitada pela entrada” (BATESON, 1986, p. 35).
Há polos que se constituem por suas próprias especificidades,
que restringem o acesso e elaboram leituras sobre o que lhes
chega, designando diferenças e, portanto, distâncias entre si.
Mobilizam esquemas de classificações e gramáticas para dar
conta das possibilidades de apreensibilidade daquilo que a cir-
culação potencializa como intercâmbio entre eles. A interve-
niência dos elementos desta complexa atividade somente se dei-
xa ver pelos produtos e não pelos processos, tornando mais im-
previsíveis os efeitos da informação como evento. Para explicar
esta situação de desequilíbrio interacional, sobre a qual opera a
produção de sentido, Bateson nos convida a pensar na ideia se-
gundo a qual “o novo só pode ser extraído do acaso. E para tirar
o novo do acaso se e quando ocorre e ele se mostra, é necessário