Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
proposições vão influenciar largamente investigações sobre uso
e apropriação social de tecnologias de comunicação, especifi-
camente aquelas que examinam a inserção delas em contextos
(movimentos sociais, processos de inovações e de lutas sociais)
nos quais protocolos de atores sociais se apropriam de tecno-
logias de comunicação que despontavam como dispositivo es-
tratégico. Examinam-se, de modo específico, as negociações que
os atores sociais desenvolviam a partir de suas lógicas para se
apropriar de dispositivos técnicos a serem integrados em suas
práticas e ações.
Ainda que não tragam à tona a problemática da circula-
ção, tais perspectivas acima apontadas despontam com grande
sensibilidade para examinar, através de critérios mais qualita-
tivos, as aproximações e articulações entre nichos produtivos
e receptores de mensagens. Especificamente, o que viria a ser
questão apontada, anos após, pela “semiótica aberta” (VERÓN;
BOUTAUD, 2007) e problematizada pela arquitetura evanescen-
te da circulação: a descrição de lógicas distintas sobre as quais
repousariam os processos de negociação de sentidos via emba-
tes discursivos. Estas orientações vão oferecer seu contributo
para o avanço da pesquisa sobre circulação. Propõem que não
se trataria de estudar a mensagem em si, mas a dinâmica de
discursos que estariam situados na ação entre produção e re-
cepção, estes submetidos ao enquadre da atividade circulatória.
Em lugar de lógicas transmissionais, ênfases sobre os processos
relacionais atravessados pela complexidade da interpenetração,
algo que viria a ser uma dimensão fundamental enquanto ins-
tância organizante de um outro trabalho da circulação.
3.1 A circulação fonte de complexidade
A circulação é retirada da condição de “zona automá-
tica”, segundo perspectivas epistemológicas da complexidade
que consideram os fenômenos da comunicação e da produção
de sentidos estruturados como fenômenos distantes do equilí-
brio. Examinariam os processos comunicacionais para além de
dimensões transferenciais – conforme as formulações da teoria
da informação e as perspectivas interacionais, centradas nas
angulações binárias da articulação significante/significado; etc.