Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
Faremos apenas duas observações, de modo breve, que
serviriam como argumentos para contestar tal formulação, dada
a exiguidade de espaço para o desenvolvimento de uma argu-
mentação mais ampla. Em primeiro lugar, sabe-se que um dos
principais mecanismos de funcionamento da vida psíquica é a
capacidade perlaborativa pelo indivíduo em relação às mensa-
gens recebidas. Desenvolve complexo processo interpretativo
cujas inteligibilidades e efeitos somente se sabem depois... Em
segundo lugar, entendemos que a vida se constitui em torno
de complexa conversação social que é constituída de múltiplas
conversações, cujos processos de extrações enunciativas e de
referências vão além das nossas relações com as mídias. Tanto
um aspecto como o outro deveriam, portanto, ser submetidos a
intensas e complexas empirias observacionais, a fim de que se
possam firmar as conclusões mais cuidadosas sobre diferentes
dimensões da cognição, responsáveis pela formação da inteli-
gência, especificamente a noção de inteligência coletiva.
As proposições sobre convergência acentuam ainda
modelos explicativos a partir do ponto de vista do ator em pro-
dução, descrevendo processualidades de suas dinâmicas sem,
entretanto, examinar análise mais cuidadosa sobre as relações
através das quais se funda a dinâmica de produtores/consumi-
dores no contexto da convergência. É verdade que existem vá-
rios registros sobre estudos de casos. Mas seus processos ob-
servacionais já estão submetidos previamente aos enquadres de
‘proposições dedutivistas’ ou de formulações determinísticas,
sem considerar outras pistas geradas pelos dados observados e/
ou concedidos por aqueles que se encontram em situação de es-
cuta/observação. Em lugar de fazer as interrogações à natureza
da própria intercambialidade complexa, subsistem fragmentos
de afirmações dedutivistas, ao se dizer que a convergência alte-
ra “a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados,
gêneros e público [...] {efetuando} também uma transformação
na forma de produzir quanto na forma de consumir os meios de
comunicação” (JENKINS, 2009, p. 44). Trata-se de uma observa-
ção enquadrada numa perspectiva causalista sobre as relações
entre oferta e consumo, sobre as manifestações da convergência
e seu impacto no tecido sociocomunicacional. É um olhar sobre
o cenário comunicacional que não complexifica sua dinâmica