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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

contempla a questão do multimídia. Antes da internet, não havia

uma plataforma que permitisse difundir informações que com-

binassem códigos textuais e audiovisuais, com os quais o usuá-

rio pudesse interagir.

Para alguns autores, o impacto da inovação tecnológi-

ca nas rotinas produtivas do jornalismo gerado pelo processo

descrito no parágrafo anterior só seria comparável, historica-

mente, ao surgimento das rotativas, em 1850. Soster (2006, p.

8) salienta, entretanto, que há uma diferença substancial entre a

tecnologia que se inaugura em 1850, quando da primeira rotati-

va, e a surgida a partir de 1995, quando os jornais migram para

a Internet: “A primeira serve fundamentalmente para mediar re-

lações e processos. A segunda midiatiza estas mesmas relações e

processos, deslocando para si o vetor do poder e transformando

substancialmente sentidos seculares”.

Em outras palavras, a inovação tecnológica trazida pela

internet se diferencia da introdução das rotativas porque rom-

pe com a linearidade do processo de produção jornalística. Com

a internet, o processo de produção jornalística está sempre em

aberto, é público, pode ser modificado pela interação com os lei-

tores em tempo real e em fluxo contínuo, é midiatizado.

3 A midiatização da produção jornalística

O movimento de integração das equipes on e offline do

jornal

Zero Hora

decorre, então, da midiatização da produção

jornalística, movimento que reafirma a convergência como pro-

cesso de construção microssociológico no interior da Redação,

ou seja, da apropriação do digital nas práticas jornalísticas co-

tidianas. Soster (2006, p. 4) coloca que o jornalismo impresso

é particularmente atingido pelo fenômeno da midiatização a

partir de seu aspecto de produção, desde a introdução dos pri-

meiros computadores nas redações, entre 1970 e 1980, mas se

intensifica substancialmente mais tarde, com a transposição dos

diários para os meios online, enfim midiatizando o fazer jorna-

lístico propriamente. “Com isso com a circunscrição da prática

jornalística ao ciberespaço, portanto em caráter auto-referen-

cial, sem ambientações exógenas, a tecnologia deixa de se tornar