Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
interferir nessa produção, isto é, incorporou práticas sociais
diferenciadas, possibilitadas pelas TICs. Talvez porque, em ou-
tras situações, tenha sido interpelado pelo próprio jornal a par-
ticipar desse processo, como ocorre em coberturas de grandes
eventos culturais e tragédias climáticas cotidianas. Uma dessas
coberturas resultou na publicação de uma reportagem especial
nas páginas 4 e 5, espaço mais nobre de reportagem em
Zero
Hora
, escrita inteiramente à base de tuítes, no dia 15 de março
de 2012, após uma chuvarada que parou Porto Alegre durante
uma manhã de quarta-feira.
Ambos os casos evidenciam a valorização dada pelo
jornal ao estreitamento da relação com seu público e o quanto
ele se deixa afetar em seu modo de fazer e até de se apresentar
ao leitor a partir dessas relações, dando origem a linguagens jor-
nalísticas convergentes.
4 Considerações finais
A partir das reflexões lançadas por Miège, este artigo
se esforçou em tensionar a integração das equipes on e offline
na Redação de
Zero Hora
diante das mutações pelas quais passa
a produção jornalística no contexto do advento das TICs, como
parte do quinto modo de ação das mídias, que é, como já foi dito,
um modelo mais transversal e societal de informação – comuni-
cação. Este novo modelo, por sua vez, demanda novas habilida-
des profissionais para lidar com diferentes modos de produção
e fábrica de um produto jornalístico mais bem resolvido nesse
contexto midiatizado.
A mediação do objeto técnico conduz a uma tec-
nicização da ação, que se identifica realmente no
cumprimento de todas as atividades ordinárias
pela interpretação das técnicas digitais. Ela se tra-
duz por incidências cognitivas e a elaboração de
novos modos de fazer, inclusive nos usos mais pro-
fanos (MIÈGE, 2009, p. 47).
É preciso dizer, para concluir, que não se trata de um
determinismo técnico, ou seja, de observar essas novas lógicas