Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
blicitários. Por sua vez, esta economia de funcionamento dá for-
ma a um certo modo de fazer, ou seja, impõe rotinas produtivas
no ambiente redacional que permitam cumprir a regularidade
e a periodicidade consolidadas junto aos leitores e anunciantes.
A partir do momento em que a periodicidade do con-
sumo de conteúdo jornalístico se mostra afetada pelas poten-
cialidades ofertadas pelas TICs, a economia de funcionamento
do jornal também sofre mutações em suas práticas. No contexto
atual, os consumidores impõem seus próprios ritmos de leitura,
em função de práticas próprias: um artigo pode ser encontrado
na internet dias depois de publicado no jornal. Essas mutações
despertam interesse no estudo de novos modelos de negócios.
Como as novas mídias vão encontrar uma economia duradoura?
Se, historicamente, as mídias tiveram a importância
que tiveram, é porque tinham uma economia de funcionamen-
to estável, não sofriam da queda nas vendas nem das perdas de
orçamento publicitário, como ocorre hoje. É impossível ter uma
estratégia de desenvolvimento para a imprensa cotidiana se não
houver uma economia de funcionamento estável. A integração
da Redação de
Zero Hora
também aponta para este caminho, se
levarmos em conta que, com esse movimento, a empresa preten-
de que a produção multimídia seja reforçada. Se as mídias con-
vencionais passam a organizar suplementos digitais, é preciso
ter recursos para isso.
Ao mesmo tempo, essa integração certamente implica
um novo ritmo de produção de conteúdo, diferente do conso-
lidado na rotina produtiva do jornal impresso. O esforço para
organizar os conteúdos em páginas, no caso do jornal, redire-
ciona-se para a produção de conteúdos em uma série de novas
linguagens. Ainda, jornais e canais de televisão se interessam
cada vez mais pela vida privada dos leitores e telespectadores,
de modo que questões de gestão da vida pessoal se tornam um
problema público, o que se manifesta pelas recorrentes interpe-
lações de veículos da grande mídia à participação de seus públi-
cos na produção jornalística.
Essas novas lógicas acarretam uma mudança profunda
tanto nos modos de produção quanto na linguagem jornalística
em si. Pavlik enumera quatro aspectos de transformação do jor-
nalismo com o fenômeno do digital: