

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
sugestões de pauta e até mesmo fazer coberturas jornalísticas
inteiras, em tempo real e com colaboração de conteúdo, o que
seguramente modifica o modo de fazer do jornal e estabelece
linguagens jornalísticas diferenciadas das tradicionais
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.
Esse quadro parece ilustrar mutações nas práticas jor-
nalísticas da ordem dos novos critérios de definição das mídias:
a produção de conteúdos para uma pluralidade de dispositivos
sociotécnicos, a interferência do receptor na produção e no con-
sumo de conteúdo informativo, a economia de funcionamento
do jornal impresso e a participação de novos atores na produ-
ção jornalística. É no contexto dessas mutações que se inscreve
a reflexão sobre a integração das equipes on e offline no jornal
Zero Hora
. Um dos comentadores da configuração de redações
integradas, Salaverria (2003) trabalha com a noção de conver-
gência jornalística compreendida em quatro dimensões: empre-
sarial, tecnológica, profissional e comunicativa. Cada uma delas
dá conta de um determinado aspecto que compõe esse processo,
desde a necessidade empresarial de uma adaptação de sua eco-
nomia de funcionamento às novas tecnologias até o papel dos
autores que participam da produção jornalística no contexto so-
cial midiatizado.
Na dimensão empresarial incide a prevalência cada vez
maior das ferramentas online como elementos-chave para a pro-
dução jornalística, aspecto intimamente ligado à convergência
tecnológica, que compreende a adesão de aparatos tecnológicos
que permitem o consumo e a difusão de conteúdos informativos
pelos usuários. A terceira dimensão da convergência jornalísti-
ca, que diz respeito ao profissional, trata da necessidade de dar
conta do avanço tecnológico na concepção e na formatação dos
discursos jornalísticos, ou seja, o jornalista precisa lidar com
tempos reduzidos – de produção e de circulação de notícias –
devido à mobilidade dos dispositivos. A última dimensão da con-
vergência jornalística concebida por Salaverria, a comunicativa,
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O uso jornalístico de mídias sociais foi trabalhado pela autora em artigo ante-
rior: SEIBT, Taís. Considerações sobre o uso do Twitter nas Redações: do jorna-
lismo como forma social de conhecimento à apropriação jornalística de mídias
sociais. Texto apresentado no V Simpósio Nacional da ABCiber – 2011, Eixo
temático 2: Jornalismo, Mídia Livre e Arquiteturas da Informação. Disponível
em: <http://simposio2011.abciber.org/anais/Trabalhos/artigos/Eixo%202/2.
E2/125-185-1-RV%20veeeer.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2012.