Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
mero suporte e passa a mediar relações, produzindo sentido”
(SOSTER, 2006, p. 7).
Entendimento semelhante apresenta Miège (2009, p.
48) com a ideia de que as TICs são, ao mesmo tempo, técnicas
de comunicação e mídias de um tipo novo, ainda em formação.
As mídias sempre tiveram uma base técnica: impressão, teleco-
municação, audiovisual, digital. O advento das TICs, no entanto,
exige que as informações sejam produzidas, difundidas e dialo-
gadas em uma pluralidade de dispositivos e permite, na outra
ponta, que haja produção, difusão e diálogo comunicacional fora
das mídias convencionais. Antes, os meios instalados tinham um
dispositivo sociotécnico único; hoje, uma mesma mídia desen-
volve sua oferta de conteúdo em cima de uma pluralidade de dis-
positivos. Esse “fluxo de conteúdos por múltiplas plataformas de
mídia” está ligado ao que Jenkins (2008) concebe como “conver-
gência midiática”, a qual seria determinada não só pelos disposi-
tivos midiáticos, mas também pelas interações sociais em torno
desses dispositivos.
Na Redação de
Zero Hora,
jornal impresso que comple-
tou 50 anos em 2014, havia, desde 2007, uma versão online pro-
duzida de maneira quase independente. Dos 210 jornalistas que
faziam parte da equipe no período de realização do estudo de
caso, em torno de 30 se dedicavam à atualização do site
zeroho-
ra.com, concentrando atividades de apuração e redação de notí-
cias, edição de capa, elaboração de galerias de fotos, produção e
edição de vídeos e produção de infografias. Em março de 2012,
esse formato começou a ser modificado. O projeto de integração
total da Redação previa que, editoria por editoria, todos os pro-
fissionais passassem a abastecer, paralelamente, o site e o jornal
impresso. Emmaio de 2012, os profissionais então dedicados ao
online foram remanejados para as editoriais do jornal impresso
para atuarem de maneira integrada para ambas as mídias.
A imprensa diária se consolidou a partir do momento
em que passou a ter publicações regulares, de modo que o leitor
soubesse que teria o jornal à disposição com uma periodicidade
fixa. Com isso, estabeleceu uma economia de funcionamento di-
rigida a umduplomercado: os leitores, os quais buscava fidelizar
com a venda de um certo número de jornais ou a conquista de
assinantes, e os anunciantes, por meio da venda de espaços pu-