Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
gariam o digital: a compreensão dos sinais (digital,
a priori
, é a
codificação de dados em 0 e 1); a miniaturização dos componen-
tes (dispositivos móveis); a visualização dos dados (a decodifi-
cação dos sinais em telas visíveis); a extensão das possibilidades
de interação/interatividade (conexão entre grupos mais ou me-
nos em tempo real). Com o digital, as fronteiras entre as mídias
caíram e apenas uma tecnologia de comunicação se tornou co-
mum a todas.
A convergência, por sua vez, consiste sempre mais ou
menos na articulação (tendendo à fusão) entre as redes de co-
municação, as ferramentas de acesso à informação e seu trata-
mento geralmente via terminais e programas informativos de
entretenimento e culturais. As TICs, ao se diversificarem e ao se
difundirem, conduziriam à formação de usos novos e cada vez
mais diferenciados (MIÈGE, 2009, p. 36). No entanto, não é a téc-
nica que determina a convergência, mas sim o processo de cons-
trução social dos usos e das práticas possibilitadas pela técnica.
Este processo, como aponta Miège, desenvolve-se com fracassos
e sucessos, envolvendo numerosos atores sociais.
A única possibilidade de digitalizar voz, dados e
imagens não conduz necessariamente e inevitavel-
mente à convergência dos sistemas de comunica-
ção. Esta se apresenta mais como uma construção
social cujos contornos resultam ao mesmo tempo
das limitações ligadas às lógicas socioeconômicas
dominantes e da ação mais ou menos eficiente de
diversos grupos sociais (Tremblay; Lacroix, 1994,
p. 6-7, apud MIÈGE, 2009, p. 37).
A convergência decorre de uma dupla mediação (Jöuet
Beaud et al., 1997, p. 293 apud MIÈGE, 2009, p. 46): ao mesmo
tempo técnica, pois a ferramenta utilizada estrutura a prática,
mas também social, porque os motivos, as formas de uso e o
sentido atribuído à prática se alimentam no corpo social. Diante
disso, Miège (2009, p. 110) prefere a definição das mídias como
dispositivos sociotécnicos e sociossimbólicos, baseadas cada vez
mais no conjunto de técnicas (e não mais em uma única técnica,
como antigamente), que permite emitir e receber programas de
informação, de cultura e de entretenimento, com regularidade.