Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
esses modelos implicaram certo tipo de troca de interação en-
tre editores, profissionais e consumidores. Nenhum modelo foi
descartado; eles se sobrepõem, não para substituírem uns aos
outros, mas para se complementarem.
Quando o autor questiona, como citado na abertura
deste artigo, se novos modos de ação emergem e se eles estariam
preparados para substituir os modelos precedentes, ele se refere
ao suposto quintomodelo de ação das TICs nas mídias: ummode-
lo mais societal e relacional que os precedentes, mais
pluripolar
.
Segundo ele, nos modelos anteriores, um ponto emissor dirigia
mensagens à massa, com grandes organizações de comunicação
que se direcionavam a públicos numerosos. Agora, teríamos algo
intermediário, um modelo de ação mais transversal, que desloca
as questões do campo público para um novo campo público que
estende a fragmentação dos espaços e cria uma série de espaços
parciais dos quais se pode participar. Este novo modelo de ação
acrescenta novos atores à produção de informações e dá origema
utilizações cada vez mais seletivas da informação – comunicação.
Embora não substitua os anteriores, este modelo se so-
brepõe aos precedentes, porém não se pode dizer que ele será
dominante, alerta Miège. O que se pode observar é que o dito
quinto modelo de ação das TICs resulta emmutações nas mídias,
inclusive em suas práticas e rotinas, seus modos de fazer. O pró-
prio autor endossa essa ideia ao afirmar que, “[...] com o advento
das TIC, as médias foram conduzidas a se redefinir, e as TIC par-
ticipam de diversas configurações. Os atores maiores que são os
grandes grupos de comunicação tomam parte da formação des-
ses novos sistemas de comunicação” (MIÈGE, 2009, p. 48).
Nas seções seguintes, a integração on e offline da Reda-
ção do jornal
Zero Hora
servirá como mote para a discussão das
mutações que sofre o jornalismo impresso na perspectiva do
quinto modelo de ação das TICs, sob a ótica da midiatização e da
convergência jornalística.
2 O digital e a convergência
Miège esclarece que o digital não é uma inovação única,
mas um conjunto de inovações. Quatro outros fenômenos conju-