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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

Na concepção do projeto de pesquisa ora proposto, o

questionamento sobre o lugar do impresso frente ao digital é

central. Brota da memória de uma leitura feita ainda nos ban-

cos da graduação em Jornalismo, em 2004. Trata-se da obra de

Noblat (2002), que, ao relatar as mudanças introduzidas no pro-

jeto gráfico e editorial do jornal

Correio Braziliense

, da capital

federal brasileira, questiona a continuidade do jornal impresso

– tal qual o conhecemos hoje. Dez anos separam a publicação do

referido livro da elaboração do projeto de pesquisa que originou

a dissertação de mestrado desta autora. No meio comunicacio-

nal, no entanto, as incertezas sobre os rumos das mídias – as

novas e as tradicionais – seguem em voga.

Não se pretende decretar a obsolescência absoluta do

impresso, de maneira dicotômica, como aponta Miège, mas sim

sistematizar reflexões sobre as mutações pelas quais passa o

jornal impresso com o advento do digital. Como diz o próprio

autor, “[...] nada permite considerar que alguns critérios tor-

naram-se obsoletos, nem que todos os novos critérios nos são

agora conhecidos” (MIÈGE, 2009, p. 112). O estudo de caso de-

senvolvido para a pesquisa, entre maio de 2012 e outubro de

2013, propunha problematizar as reconfigurações nos proces-

sos produtivos do jornal impresso, a partir da introdução não só

de novas tecnologias para a produção de conteúdo na Redação

do jornal

Zero Hora

4

, mas também de novas formas de consumo

do conteúdo informativo, que introduzem, por consequência,

novas linguagens comunicacionais e ainda procedimentos mais

participativos e transversais, tanto de produção quanto de re-

cepção dos conteúdos.

Na perspectiva da midiatização, trata-se de um proces-

so que atende a uma nova forma de ambiente – da informação

e da comunicação – que, mediante tecnologia, dispositivos e lin-

guagens, trata de produzir um outro conceito de comunicação

(FAUSTO NETO, 2006, p. 3). A emergência de novas formas de

4

Fundado em 1964, Zero Hora é um dos jornais diários brasileiros de maior

circulação, ocupando a sexta colocação no ranking do Instituto Verificador de

Circulação (IV

C), com 183 mil exemplares. Pertencente ao Grupo RBS, é o jor-

nal de maior c

irculação em território gaúcho. Seu correspondente online, o site

zerohora.com

, foi criado em 2007. Segundo dados divulgados pelo veículo em

maio de 2012,

o site acumula 16 milhões de acessos mensais.