Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
resultam todos das mesmas limitações de tempo relacionadas
com a lógica socioeconômica dominante e a ação mais ou me-
nos eficaz de diferentes grupos sociais...” (TREMBLAY; LACROIX,
apud LACROIX et al., 1994, p. 6-7).
Passados 15 anos, a lucidez dessa abordagem sobre a
convergência é notável, especialmente depois que as mudanças
constatadas (e que, contudo, cada vez aparecem a variados ob-
servadores como fenômenos novos, e mesmo espontâneos) a
confirmam regularmente. Reconhecer que a convergência tem
um fundamento técnico e suas inovações se baseiam sobre cer-
to número de determinações tecnológicas, sendo um construto
social complexo e mesmo altamente conflituoso, em relação ao
qual não podemos prever as formas que assumirá, em nada re-
duz a importância dessas determinações. Isso permite, ao con-
trário, não esconder o que foi o longo caminho de inovação social
antes de ela concretizar-se em objetos ou serviços, e igualmente
não ignorar as lógicas sociais (da comunicação em ocorrência)
do utensílio na esfera da técnica.
3 O que as abordagens tecnodeterministas da
convergência omitem
Ao tomar como necessários os argumentos já descritos,
vamos tentar apresentar de maneira sistemática quais são os li-
mites e insuficiências das abordagens atuais, isto é, das visões
tecnodeterministas da convergência. Os limites e insuficiências
aparecem sob três ordens.
Em primeiro lugar, e de modo surpreendente, o foco
principal ou exclusivo sobre as determinações técnicas não sig-
nifica que elas sejam consideradas precisas e tenham caracterís-
ticas próprias. À exceção dos círculos restritos de especialistas e
profissionais, que têm interesse em que o conhecimento não se
espalhe, e uma porção de tecnófilos que estão sempre prontos a
apoiar seus novos objetos, a ignorância é bastante generalizada
sobre a evolução da técnica, exceto
ex post
; e ela é frequente-
mente reduzida a uma “caixa preta” que favorece ainda mais a
permanência de concepções tecnodeterministas a que o deba-
te público sobre as novas ciências e tecnologias se restringiu e