Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
das estratégias industriais, de liderança política transnacional e
das operações de promoção ou de marketing. O fato é que tem
ocorrido em quase duas décadas uma espécie de banalização
da tecnologia “aplicada” à informação e à comunicação: critica-
da por movimentos sociais influentes no final dos anos setenta
(que protestaram contra a expansão de arquivos pessoais in-
terconectados) e por intelectuais (que viram nelas ferramentas
próprias de necessidades não essenciais, e até mesmo pré-fabri-
cadas), as TIC são agora amplamente aceitas, e as críticas a seu
respeito estão se concentrando, principalmente, sobre os riscos
da proliferação de ondas eletromagnéticas e os abusos possíveis
nos usos que crianças possam fazer das redes.
À primeira vista, a articulação mencionada anterior-
mente e a abordagem ou a visão do curso da mudança técnica
que a acompanha parecem evidentes e são apoiadas por dados
empíricos ou observações que todo mundo pode ser levado a
fazer. É verdade que muitos desses novos objetos técnicos de in-
formação e comunicação acompanham mudanças nas práticas
sociais (a pesquisa de informações públicas ou especializadas,
o consumo de música gravada, a comunicação interpessoal à
distância ou mesmo a consulta às obras publicadas são o lugar
de mutações bem visíveis, especialmente a partir da ampliação
do acesso à Internet); também é verdade que as fronteiras entre
setores industriais estão se tornando porosas (uma empresa de
serviços informáticos, a saber, o Google, que controla e organiza
a distribuição global de todas as categorias de informação sem
ter que participar de sua produção, graças a algoritmos podero-
sos e uma estratégia de publicidade agressiva; e a Orange, em-
presa de telecomunicações resultante de um monopólio públi-
co, que está presente na divulgação das séries americanas e até
mesmo na produção cinematográfica, etc.). O que poderia ser
mais óbvio,
a priori
, que esta tendência para a convergência!
Mas é precisamente a concepção que subjaz a essas
percepções iniciais e opiniões amplamente compartilhadas que
é necessário questionar. Se essa concepção – a convergência –
é sedutora em sua pertinência aparentemente adquirida pela
constatação de conciliações agora eficazes entre mídia ou canais
(TV ou rádio ocorrendo na Web, as imagens televisivas transmi-
tidas no telefone celular, a telefonia onipresente na Internet, os