Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
É aí que a convergência, como discurso social que se
autorreproduz de alguma forma, questiona as ciências sociais
em geral e as ciências da informação-comunicação em especial
(diretamente afetadas pela emergência, o desenvolvimento e
a chegada à maturidade das TIC); embora o fenômeno da con-
vergência não possa ser reduzido a um ato de fala, seu compo-
nente discursivo é central e dificilmente dissociável de outras
dimensões, pois permeia toda parte e proíbe um tratamento ou
uma abordagem que ouvisse uma em detrimento das outras.
Explicamos, assim, a recorrência das mesmas modalidades dis-
cursivas a cada passo, ou seja, a cada emergência – ou promessa
de emergência – de cada novo objeto técnico, há um discurso
que encontra um dos significados originais, embora cada vez
mais ignorado da tecnologia, que, em francês, pelo menos, se
compreende (compreendia) como teorias ou discurso da/sobre
a técnica. Em grande parte, a convergência é componente discur-
sivo de um fenômeno dificilmente apreensível por ele mesmo,
e, de outro modo, parte envolvida de uma ideologia que apoia
o desenvolvimento de técnicas. Quanto às TIC, experimentaram
ao longo das últimas três décadas alguns avanços, prontamen-
te identificáveis a partir dos dados disponíveis sobre mudanças
nas práticas culturais, informacionais e comunicacionais, sobre
as quais podemos acrescentar que para esta ideologia, na ocor-
rência do tecnodeterminismo, contribuem também outros ele-
mentos ou eventos, em sinergia com a convergência, mas que,
conceitualmente, devem ser distinguidos, a saber:
- Antecipação dos usos sociais dos objetos: estes real-
mente são tema de prescrições insistentes quanto a suas utiliza-
ções futuras e seus supostos benefícios, que raramente se veri-
ficam e em todo caso deixam pouco tempo e oportunidade para
usuários-consumidores se apropriarem deles. Esses usos são
superestimados e colocados entre práticas essenciais de usos
específicos (por exemplo, atualmente o consumo de imagens em
telefonia 3G e mesmo 4G) e raramente explicados, especialmen-
te no que se refere ao que está na origem das defasagens entre
o prometido e o realizado, de atrasos assumidos e de usos que
se manifestaram tardiamente, para se enraizar além de um pe-
queno círculo de “tecnófilos” ou amadores (este é, p. ex, o caso