Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
diversos setores do conteúdo (livros, imprensa e multimídia); a
convergência é, portanto, de geometria variável, é para ser vista
em facetas múltiplas e mutáveis. Mas o que é verdade é que ela
consiste sempre mais ou menos na articulação de (tendendo à
fusão) 1º. Redes de comunicação, 2º. Ferramentas de acesso à
informação e de seu tratamento geralmente através de termi-
nais e 3º. Programas informativos, de distração e culturais, e isto
em locais bem identificados em casa ou no local de trabalho, ou
agora em mobilidade e de forma ubíqua.
Os ideólogos da convergência afirmam que as TIC, di-
versificando-se e difundindo-se, levariam não só à formação de
novos usos mais e mais específicos (esta é a primeira percepção
que temos dessas técnicas e que continua, apesar das… evidên-
cias), mas também ao questionamento de redes ou setores in-
dustriais nas fronteiras que se acreditam estar bem estabeleci-
das (neste sentido, a convergência permitiria questionamento
de interesses escusos e rendas econômicas bem estabelecidas).
Esta abordagem não é nova: para muitos, o Relatório
Nora-Minc sobre a informatização da sociedade (1979) marca,
na França, pelo menos, o ponto de partida, e muitos dos elemen-
tos recordados acima foram nele expressos pela primeira vez.
Na verdade, isso é facilmente verificável, mas seria errado dar
a esse relatório público tanta importância, pois uma parte das
posições adjacentes são então expressas em outros documentos
emitidos por organismos internacionais e nos de outros países.
Por outro lado, elementos contextuais também têm forte impor-
tância, são especialmente relevantes no âmbito das estratégias
industriais: na pesquisa em telecomunicações de novos merca-
dos depois da generalização da telefonia vocal fixa, no surgimen-
to do computador pessoal, etc., bem como nos incentivos para
racionalizar a organização do trabalho nas empresas...
Há outros relatórios ou iniciativas políticas subsequen-
tes que marcaram individualmente um fortalecimento da indus-
trialização da comunicação, agora num contexto globalizado: o
programa americano das Autoestradas da Informação (A. Gore,
1992), o relatório europeu do comissário Bangemann (1994) e,
especialmente, as Cúpulas Mundiais da Sociedade da Informação
(Genebra, 2003, Túnis, 2005). Não é nosso propósito aqui des-
vendar nesta história da implementação das TIC aquilo que vem