Table of Contents Table of Contents
Previous Page  28 / 346 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 28 / 346 Next Page
Page Background

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

4.1 A midiatização da comunicação

O processo de midiatização está no centro das inter-

rogações, isto quando não é o centro de todas as questões. Ao

se examinar de perto, vê-se que este processo incentivou a es-

perança e o medo, a escatologia e as promessas utópicas, tan-

to quanto a cautela e concepções depreciativas, os julgamentos

morais ou os preconceitos relativos à técnica.

Em que sentido entende-se a midiatização? Num pri-

meiro sentido, midiatização se opõe à mediação e tem como

objetivo identificar os fenômenos mediados através de várias

instâncias de mediação social e, sobretudo, pela mídia no sen-

tido estrito do termo. Num segundo sentido, o que é levado em

consideração é a ação de midiatização dos conteúdos, isto é, o

fato dos conteúdos, por exemplo os cursos de ensino superior,

que são postos online ou inscritos sobre suportes materiais ge-

ralmente resultantes da intervenção de especialistas (designers,

produtores multimídia, etc.); e contrariamente a uma represen-

tação frequente do pensamento informático, ela nada tem a ver

com uma transposição ligada ao emprego das ferramentas e ló-

gicas agora disponíveis. Num terceiro sentido, reforça-se tudo

isso que, nas relações interindividuais e mesmo intragrupais ou

intraorganizacionais, se produz quando as TIC, ou melhor, um

dispositivo, se interpõe entre Eu e Tu, Eu e Nós, Nós e Nós; essa

abordagem busca identificar as modificações dos próprios atos

comunicacionais no que possuem de linguagem ou não. E, por

último, num quarto sentido, o processo de midiatização se re-

fere à importância da informação difundida e trocada, quanti-

tativa e qualitativamente; a midiatização reporta-se aqui ao fe-

nômeno de informacionalização discutido acima, porém com o

intuito de compreender a recepção e a relação dos meios com os

receptores. Essa pluralidade semântica é fonte de confusões; mas,

se ela é mais ou menos entendida nas suas diferentes significa-

ções, pode-se interpretá-la como indicativo da riqueza do pró-

prio processo. De acordo com os campos, deve ser interpretada

em função de singularidades e especificidades.

Contrariamente às visões nas quais as TIC são convoca-

das a substituir a comunicação “ordinária” em questão, a pers-